Agronegócio
Cenário de juros elevados favorece demanda por Fiagros
Número de investidores em fundos de investimento do agronegócio saltou 456,3% em dez meses
Recentes no mercado de capitais, os chamados fundos de investimentos em cadeias agroindustriais (Fiagros) vêm atraindo interesse crescente de investidores, movidos por um cenário econômico de juros elevados – caso da taxa básica de juros (Selic), atualmente no patamar de 13,75% ao ano.
Prova disso é que somente de janeiro a outubro deste ano, o número de brasileiros que aderiu à essa indústria cresceu de forma exponencial ou 456,3%, atingindo o contingente de 140,1 mil cotistas, bem acima dos 30,7 mil registrados, no início de 2022.
Situados em posição estratégica no agronegócio nacional, devido à correlação entre a indústria exportadora com a economia internacional – o que alivia a pressão de risco Brasil sobre a atividade – os Fiagros chegaram a captar, via ofertas públicas, cerca de R$ 500,5 milhões no ano passado, montante cinco vezes inferior ao deste ano, que já soma R$ 2,4 bilhões. Outro dado positivo é com relação ao patrimônio líquido, que saltou 393,7%, passando de R$ 1,6 bilhão, em 2021, para R$ 7,9 bilhões, este ano.
Divididos em três categorias (agronegócio, imóveis rurais e títulos de crédito), os Fiagros possui uma quarta vertente, os Fiagro FII estão vinculados a direitos creditórios que possuem participações em sociedades, a exemplo do Fiagro-Flip.
Também considerados pelo mercado, como Fiagros de papel, estes permitam investir, além de imóveis rurais, em Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs), os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ligados ao setor e as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) ou do Agronegócio (LCAs).
Como característica, os Fiagros igualmente podem possuir, em suas carteiras, CRIs indexados ao CDI ou ao IPCA (índice oficial de inflação), tendo ganhado tração por conta da distribuição de dividendos ‘turbinados’, a reboque da elevação dos juros e da própria inflação.
Na avaliação do gestor de agronegócio da Riza Asset, Paulo Prado, “a maioria dos Fiagros hoje é fundo de papel atrelado ao CDI, pois é o que tem atraído os investidores em um cenário de juros elevados”.
A exemplo dos fundos imobiliários, os Fiagros, ainda em fase de testes, acompanham a regulamentação dos primeiros, que é a vantagem de isenção do Imposto de Renda sobre os rendimentos distribuídos aos cotistas.
Mas quando a questão é de representatividade econômica por setores, enquanto o agronegócio responde hoje por quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB), setor imobiliário detém 10% da atividade brasileira.
A avaliação de analistas é de que, num horizonte entre cinco e dez anos, os Fiagros deverão superar os fundos imobiliários, no que se refere à participação no mercado de capitais e nas carteiras dos investidores, performance, porém, condicionada ao cenário econômico e a própria evolução desse mercado no período citado.
Atualmente, mais de 1,9 milhão de brasileiros investem em fundos imobiliários, o que corresponde a 13,56 vezes o número de investidores de Fiagros. Em outro comparativo, a indústria de fundos de investimento imobiliários (FIIs) com 441 fundos negociados em bolsa, é 18,4 vezes superior aos Fiagros, que possuem somente 24 fundos.
“Os Fiagros ainda têm representatividade muito pequena no tamanho do financiamento do agronegócio. Existe uma estimativa de que o setor demande algo em torno de R$ 800 bilhões de crédito, sendo que o volume de Fiagro não passa de R$ 10 bilhões hoje”, explica Prado, para quem “o volume ainda é pequeno, mas o potencial de crescimento do ativo nos faz pensar que vai ser bastante importante”.
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