Ações, Units e ETF's
CNC: número de endividados deve continuar subindo no país
Índice de inadimplentes bateu 78,3% em fevereiro, ante 78% atingido em janeiro
Às vezes, o que já está ruim, pode ficar ainda pior. Em outras palavras, é o que prevê a Confederação Nacional do Comércio (CNC), com base no avanço, de 78% para 78,3% do índice de endividados consultados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de janeiro a fevereiro, respectivamente. O patamar do mês passado, além de superar o de fevereiro de 2022, que foi de 76,6%, só não é superado pelo recorde de 78,9%, apresentado em novembro do ano passado.
A parcela de endividados no país deve continuar a subir, sentencia a economista da CNC, Izis Ferreira, ao levar em conta que o cenário macroeconômico não deverá sofrer alterações, nem no curto, nem no médio prazo, o que deve expandir ainda mais o contingente de inadimplentes. “Ainda vamos ter grande parte das pessoas, principalmente de menor renda, usando cartão de crédito para consumo”, admite.
Contribui para agravar a situação, prossegue Izis, o fato de o brasileiro com dívidas vai precisar lidar com um quadro de desaceleração da atividade econômica, que proporciona menos ofertas de emprego. Com a maior restrição da renda do trabalhador, acaba se reduzindo, também, o espaço em seu orçamento, o que lhe obriga a buscar mais crédito para pagar contas, realimentando e ampliando o ciclo de endividamento.
Apesar de a inflação dar sinais de que está mais controlada, a economista da CNC aponta que o juro elevado (taxa básica, a Selic, a 13,75% ao ano) é que torna o crédito mais caro, não apenas nas tomadas de empréstimo, mas também no pagamento das parcelas. “O cartão de crédito se consolidou no consumo no pagamento de contas”, define Izis.
Mas tal tendência vem se acentuando nos últimos três anos, uma vez que, entre 2020 e 2022, a proporção de famílias endividadas saltou de 66,5% para 77,9%, o que corresponde a uma alta de 11,4 pontos percentuais. Também nesse período, a Selic foi catapultada de 2% ao ano para os atuais 13,75% ao ano, traduzindo um duro aperto monetário pelo Banco Central (BC), o qual tem sido ‘pivô’ de constantes confrontos entre a autoridade monetária e o governo federal.
Entre os fatores estruturais que favoreceram o endividamento recorde, Izis indica três mais relevantes: a alta da inflação até a metade do ano, que comprometeu o poder de compra das famílias; o incentivo crescente ao uso do cartão de crédito, por meio da oferta de novos produtos e serviços por bancos e fintechs, sem contar a demanda por serviços voltados aos mais ricos, como viagens, compra de passagens aéreas, geralmente pagos no cartão de crédito. “A face negativa desse maior endividamento é a inadimplência, que também chegou a proporções recordes”, conclui a analista.
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