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Como eles nadam? Dispositivo de Israel desvenda instinto dos peixes

Cientistas implantaram eletrodos no cérebro de peixes pequenos para avaliar a atividade cerebral durante a navegação e como eles se localizam

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Um grupo de cientistas da Universidade de Ben-Gurion do Negev, de Israel, se debruçou em estudar os mecanismos cerebrais de peixes pequenos. Eles inseriram dispositivos no cérebro de 15 animais para realizar a pesquisa.

O objetivo foi avaliar os mecanismos que permitem que peixes naveguem nas profundezas e como eles se relacionam com as raízes evolutivas da navegação para todas os seres com circuitos cerebrais.

O estudo foi publicado na última terça-feira (25) na revista científica PLOS Biology. Os estudiosos desenvolveram uma espécie de capacete cibernético e encararam o desafio de instalá-lo nos peixinhos.

Diâmetro de um fio de cabelo

Para colocar os dispositivos em tamanho mini, os cientistas tiveram de ter paciência e bastante cuidado. O cérebro de um peixe pequeno tem o tamanho de uma lentilha, com apenas meia polegada de comprimento.

O neurocientista Lear Cohen, integrante do grupo de pesquisa, explicou que eles utilizaram um microscópio para auxiliar na cirurgia de inserção dos eletrodos. Cada um deles tinha o diâmetro de um fio de cabelo humano.

Para que os peixes não morressem sem ar, durante o processo, eles bombearam água e anestésicos na boca de cada um dos peixinhos até finalizar a implantação.

Funcionamento

Os eletrodos eram conectados a um dispositivo de gravação, capaz de monitorar a atividade neuronal e que estava lacrado em uma caixa impermeável na testa do peixe.

Os dispositivos foram envoltos de espuma flutuante para evitar que eles sobrecarregassem os animais e impedissem que eles nadassem.

O primeiro peixe a participar do teste, depois da recuperação, foi colocado em um tanque de água de 60 centímetros de comprimento por 15 cm de largura.

Os cientistas perceberam, a partir do monitoramento, que quanto mais ele se aproximava das bordas do recipiente, mais as células de navegação do cérebro se iluminavam.

Diferença básica

O estudo revelou que os peixes usam um sistema de navegação um pouco diferente do que é encontrado em mamíferos.

No caso dos humanos, as células de navegação são especializadas em rastrear a nossa localização e construir um mapa mental — com se fossem alfinetes de “você está aqui” — em torno desse ponto.

Os neurônios dos peixes disparam, somente, para que eles saibam que estão próximos de um limite ou obstáculo. Ao combinar essas informações sobre as várias barreiras de um recipiente, ele é capaz de se orientar no espaço.

Bem-estar animal

Todos os experimentos foram submetidos a análise e foram aprovados pelo comitê de bem-estar animal da universidade. Os peixes foram sacrificados, após os testes, para que os cérebros fossem examinados internamente.

Os resultados foram bastante elogiados por integrantes da comunidade científica. Saber como os animais pensam e se comportam frente as características do habitat é algo útil, hoje, diante das mudanças climáticas e do que acontece no mundo.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em Comunicação Digital, e que trabalha há 14 anos como repórter e redator

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