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Economia

Credibilidade fiscal é que vai permitir BC fazer o trabalho com menor nível de juros, afirma Campos Neto

Passar esse recado é o mais importante para um país com o nível de dívida como o Brasil, disse o presidente do Banco Central.

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse na última sexta-feira (13) que o crescimento da inflação no país foi influenciado, entre outros fatores, pela desvalorização do real e também pelo aumento no preço das commodities (produtos básicos com cotação internacional).

Leia também: Atividade econômica avança 1,14% em junho, diz Banco Central

De acordo com Campos Neto, esse movimento inflacionário começou em 2020 e ainda repercute neste ano. O presidente do BC citou, além desses fatores, a crise hídrica no país, com aumento no preço das bandeiras tarifárias, além de efeitos climáticos.

O mercado financeiro aumentou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano de 6,79% para 6,88%. A previsão para 2021 está acima da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 2,25% e o superior de 5,25%.

Ao avaliar a alta no preço das commodities, o presidente do BC disse que durante a pandemia de covid-19 houve um aumento natural, uma vez que as pessoas ficaram mais tempo em casa e passaram a consumir mais bens dos que serviços, gerando uma alta no preço de produtos e uma diminuição no valor dos serviços.

Auxílio emergencial

Segundo Campos Neto, com a retomada da atividade econômica, há uma tendência de que esse balanço se equalize. Porém, ele disse que outros fatores podem interferir na inflação e citou o auxílio emergencial como um deles.

De acordo o presidente do BC, o auxílio trouxe um “choque de demanda” que se transformou em consumo e impactou a inflação de curto prazo, o que influiu na decisão do BC de elevar a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 5,25% ao ano.

“Esse movimento de curto prazo teve algum alastramento [na inflação]. Então, entendemos que era necessário um movimento de ajuste para que essa inflação não contamine o ambiente inflacionário e não desancore as expectativas”, disse ao participar do 4º Encontro Folha Business, transmitido pela internet.

Equilíbrio fiscal

Ao falar sobre a situação econômica do país, o presidente do BC disse que alguns setores como o de serviços estão se recuperando dos impactos da pandemia. Mas acrescentou que é impossível para qualquer BC do mundo fazer o trabalho de segurar expectativas de inflação sem que o quadro fiscal esteja sob controle.

Campos Neto disse que o mercado projeta um crescimento da economia de 5,3%, neste ano, e que os números da dívida bruta do país ficaram em cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB – soma de todos os bens e serviços produzidos no país), quase no mesmo patamar antes da pandemia e abaixo da previsão de 100% feita por alguns analistas.

Entretanto, ele avalia que há “ruídos” no mercado financeiro sobre o controle das contas públicas, o que tem levado a correção de preços de ativos, como dólar e ações.

Ele citou o debate sobre o pagamento dos precatórios, o desenho do novo Bolsa Família e o incentivo financeiro a setores específicos da economia. “Esses temas geraram um ruído onde o mundo financeiro, os agentes econômicos passaram a ter uma percepção ou, pelo menos, um risco de que o fiscal não está melhorando tanto e os preços corrigiram em relação a isso”, disse.

Segundo Campos Neto, o país tem que passar uma mensagem de credibilidade fiscal para que o BC possa atuar com um nível de juros mais baixo. “A coisa mais importante em um país que tem o nível de dívida que o Brasil tem é passar uma mensagem de credibilidade fiscal. É essa mensagem é que vai permitir o BC fazer o trabalho com o menor nível de juros e maior eficiência”, afirmou.

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