Bancos
Cresce preocupação do mercado com a falta de equacionamento fiscal
Alerta foi lançado pelo presidente do BC, Campos Neto, ao participar de evento no MT
Muito antes de qualquer repercussão econômica, sobre o mundo emergente, do conflito militar entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no Oriente Médio, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reiterou a preocupação do mercado com relação à falta de equacionamento da questão fiscal no Brasil, tarefa que cabe ao governo federal.
“Os juros são muito mais consequência do que causa. É óbvio que o juro no Brasil é alto, sabemos disso. Mas temos que ter um reconhecimento que o Brasil tem um problema fiscal e que alguma hora precisamos ter um esforço maior para resolver. Caso contrário, vai ser muito difícil daqui para frente”, advertiu o presidente do BC, para logo deixar claro, em seguida, que suas declarações não representam uma crítica ao Palácio do Planalto. “Este não é um tema deste governo, não é uma crítica. É algo que já vem de muito tempo”, amenizou.
Ao participar de evento em Cuiabá (MT) – promovido pela Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores do Mato Grosso (Fenabrave-MT) e pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado de Mato Grosso (Sincodiv-MT) – o ‘xerife do real’ acentuou a necessidade de avanço da agenda econômica no Congresso Nacional, mediante a aprovação de propostas que impliquem ‘maior sustentação fiscal’ do país. “O mundo ficou mais desafiador. É como se a barra tivesse subido e você tivesse de ser melhor aluno do que foi no passado”, metaforizou o dirigente monetário.
‘Eu nego’ – Na véspera, ao marcar presença em seminário do Credit Suisse, em São Paulo (SP), Campos Neto negou ter afirmado que o ritmo de redução da Selic (taxa básica de juros) poderia ser reduzido ou retardado, nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
Entretanto, conforme informações publicadas pelo Estadão, o presidente do BC teria declarado, durante reunião com investidores na semana passada, que a probabilidade de desacelerar o ritmo de queda da Selic, de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto percentual, era maior do que elevar tal declínio para 0,75 ponto percentual.
“Em nenhum momento, nem remotamente, eu falei algo parecido com o que foi interpretado. A pergunta tinha sido se havíamos colocado a parte internacional como um fator no balanço de risco. É óbvio que houve uma piora adicional”, explicou o chefe da autoridade monetária tupiniquim.
“Teve uma pergunta sobre se isso diminui a probabilidade de (redução de) 0,75 ponto percentual. É óbvio que sim. Mas em nenhum momento eu disse que uma coisa era mais provável que a outra. Se um dia eu falasse sobre isso, jamais seria em uma reunião fechada”, admitiu o presidente do BC, ao concluir que “a gente entende ainda que 0,50 é um ritmo apropriado. Vamos discutir na reunião do Copom, diante das variáveis, e comunicar se houver uma perspectiva de que alguma coisa mudou. Esse não é o nosso cenário hoje”.
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