Ações, Units e ETF's
Elevação da Selic é oportunidade para rebalancear investimentos
A elevação de 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano, é a primeira desde julho de 2015
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), ontem (17), de elevar a taxa básica de juros marca uma nova era da política monetária.
A elevação de 0,75 ponto percentual na Selic, para 2,75% ao ano, é a primeira desde julho de 2015 e uma resposta do Banco Central à escalada dos riscos fiscais, do câmbio e da inflação.
Levantamento do Valor Invest destaca que a piora do cenário fez com que o aumento dos juros fosse antecipado do segundo semestre deste ano, como era sinalizado pelo mercado em meados de 2020, para março e superou as expectativas para essa reunião.
Mas não deve parar por aí, como o Copom já indicou no comunicado. A expectativa para a Selic subiu de 4% para 4,5% no fim de 2021 e está em 5,5% no fim de 2022, segundo o Boletim Focus de segunda-feira (15).
Selic
Com uma escada já demarcada para os juros subirem à frente, é natural que os investidores tenham dúvidas sobre como ajustar suas carteiras. A primeira coisa a se levar em consideração é que, por mais que a expectativa seja de juros mais altos, dificilmente o Brasil voltará a ter Selic de 10% ou mais no curto e médio prazos.
Assim, se você é um dos quase 3,5 milhões de brasileiros que estão na bolsa, não precisa sair correndo das aplicações em renda variável. Mas talvez seja um bom momento de avaliar se sua exposição está alinhada ao seu apetite ao risco.
“O investidor que foi mais agressivo, que foi todo para bolsa [com a queda do juros], é o primeiro a pular fora. Os que estão mais balanceados têm grandes chances de continuar na bolsa”, diz Carlos Messa, gestor da Quasar.
Fluxo de investimentos
Embora seja esperado um pouco mais de fluxo de investimentos para a renda fixa com o início do ciclo de alta de juros, seja em títulos públicos ou de crédito privado, não deve haver debandada da bolsa.
“A volta dos juros para um patamar entre 5% e 6% [como é o esperado] não vai parar o interesse dos investidores por ações. No curto prazo pode até ter desaceleração [no fluxo para a bolsa], mas acho difícil ter uma reversão. Esse caminho é um pouco sem volta”, diz Alexandre Sabanai, gestor de portfólio da Perfin Asset.
Renda fixa
A mudança de patamar na taxa Selic, usada como referência para a rentabilidade na renda fixa com o CDI, é, por ora, pequena. Mas a expectativa de que vem mais aumentos por aí faz aumentar o brilho dos títulos, que vinham sendo renegados.
“A renda fixa volta a ser um competidor para a bolsa”, diz Bernardo Zerbini, gestor responsável pela estratégia macroeconômica da AZ Quest, destacando a característica de oferecer maior previsibilidade de retornos nessas aplicações, o que agrada aos mais conservadores.
Dentre os títulos públicos, Zerbini avalia que o mais promissor no contexto atual é o Tesouro IPCA, que paga uma taxa de juros mais a inflação do período até o vencimento, o que é vantajoso em tempos de receio de aumento da inflação, especialmente se comparado com o Tesouro Prefixado, que paga uma taxa “combinada com o governo” no momento da compra. O risco é não saber quanto dessa alíquota será “comida” pela inflação até a data de vencimento.
Outro fator que tem aumentado a atratividade dos títulos atrelados à inflação é a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida eleitoral de 2022, segundo Messa, da Quasar, que notou o aumento do prêmio (juros) pagos pelos títulos com o receio do mercado financeiro com a mera possibilidade do retorno de Lula ao Palácio do Planalto.
Renda variável
Embora o nível mais alto dos juros não seja um chamariz de volta com força total para a renda fixa, o contexto geral já vem afastando novos aportes em ações. “Alguns investidores estão freando alocações adicionais em bolsa, mas tudo vai depender do cenário de crescimento do Brasil”, diz Bernardo Zerbini.
Algumas ações listadas na bolsa tendem a ser “inflacionárias” e, no longo prazo, refletir nos seus preços a inflação do período, uma vez que as empresas repassam esses ajustes nos preços de seus produtos e serviços.
“São empresas que têm, por contrato ou motivos regulatórios, força relevante para repassar inflação ao consumidor”, diz Alexandre Sabanai, que destaca as empresas do setor de energia, como Cesp e Alupar.
No varejo, Sabanai aponta Assaí e Pão de Açúcar, destacando a capacidade de supermercados repassarem aumento de preços para o consumidor com maior facilidade do que outros setores e o consumo de alimentos que sofre menos variação de demanda, já que todo mundo precisa comer.
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