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Economia

Empresas voltam a apostar em M&A com alternativa para crise

Número de fusões e aquisições subiu 46% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.

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As fusões e aquisições no Brasil voltaram a ter alta no terceiro trimestre após um recuo nos negócios no começo do ano, depois que empresas anunciaram acordos para reduzir o choque do coronavírus, como o da locadora de veículos Localiza e da processadora de cartões StoneCo.

Entre julho e setembro, o número de fusões e aquisições aumentou 46% frente igual período do ano passado, para 12,5 bilhões de dólares, de acordo com dados da Refinitiv.

Mesmo com a alta mensal, os negócios acumulam queda de 38% em 2020, um vez que as transações praticamente zeraram no início de 2020, quando as empresas precisaram lidar com problemas de liquidez em meio à crise do coronavírus.

Mas as fusões e aquisições voltaram a ser registradas em parte porque a tensão imediata com a pandemia se reduziu e também porque as companhias enxergam suas próprias ações como uma moeda tentadora para fazer acordos.

“Em negócios envolvendo ações como moeda, as empresas preservam o caixa e também podem aumentá-lo por causa de todas as sinergias potenciais decorrentes do negócio. É uma forma de criar valor para os acionistas em meio a uma crise econômica”, disse o responsável pelo setor de fusões e aquisições do Bank of America no Brasil, Diogo Aragão.

No terceiro trimestre, enquanto a Localiza fez uma oferta para comprar a rival Unidas, a processadora de cartões StoneCo e a fornecedora de software Totvs batalham pela Linx, ao mesmo tempo que empresas de educação como a Ser Educacional lutam pelas operações da Laureate Education no Brasil.

Todos os negócios se reúnem em um ponto: a busca por maior eficiência e a conquista de mais clientes, ambas potenciais formas de atenuar a recessão deste ano. Em todos eles, os compradores querem usar tanto suas ações quanto dinheiro como moeda de pagamento, e executivos de bancos de investimento afirmaram que mais operações nesse molde provavelmente continuarão sendo vistas até o fim do ano.

Também engordaram os números do trimestre negócios há muito esperados, como a venda dos ativos móveis da operadora de telecomunicações Oi, que recebeu oferta conjunta de 16,5 bilhões de reais de TIM, Telefônica Brasil e Claro.

IPOs

O mercado de capitais pode passar alguma agitação conforme aumentam as preocupações dos investidores com políticas do governo que podem furar o teto de gastos e uma agenda lotada de ofertas públicas iniciais de ações, com empresas desistindo da listagem na bolsa de valores e se tornando mais abertas a abordagens de fusões e aquisições, afirmaram executivos de bancos.

“Os IPOs às vezes podem competir com nossa atividade de M&A”, disse Roderick Greenlees, diretor global do Itaú BBA. O banco de investimentos ficou em primeiro lugar no ranking de M&A do Brasil no terceiro trimestre.

“Agora, com a deterioração das condições de mercado e as empresas enfrentando mais desafios para abrir o capital, algumas vão potencialmente recorrer a fusões e aquisições”, continuou.

Cheios de dinheiro, os fundos de private equity podem ser uma solução para empresas que precisam de dinheiro, por exemplo. Recentemente, a gestora norte-americana Advent International levantou 2 bilhões de dólares para aquisição de empresas da América Latina.

Mesmo com esse movimento, empresas que já tiveram ou ainda vão ter sucesso em levantar dinheiro em ofertas de ações também podem se tornar protagonistas de fusões e aquisições.

“As empresas que conseguiram captar recursos com ofertas de ações atuarão como consolidadoras em seus setores por meio de fusões e aquisições”, disse chefe do banco de investimentos do Santander Brasil, Gustavo Miranda.

Em 2020, companhias brasileiras há movimentaram 11,2 bilhões de reais em IPOs.

Contudo, os executivos de bancos ainda não querem prever que o total do ano inteiro pode exceder o de 2019, mesmo com o aumento nos volumes de negócios do terceiro trimestre, uma vez que a atividade de M&A ficou quase congelada por quase seis meses em meio à pandemia.

Por outro lado, tendo em vista que as negociações sobre vários potenciais negócios voltaram à mesa recentemente, o primeiro trimestre de 2021 pode se tornar bastante agitado, projetam eles.

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