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Economia

Entenda o que é a ‘estagflação’ e como isso afeta o país

Cada vez mais presente nas conversas dos brasileiros, termo é uma junção entre as palavras inflação e estagnação.

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Seja no noticiário ou nas redes sociais, a “estagflação” não sai da boca dos brasileiros. O termo é uma junção entre as palavras estagnação e inflação, assim como seu significado: a economia do país está parada, mas os preços dos produtos e serviços continuam subindo.

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O que mais intriga nesse conceito é que, se o grande motivo da inflação é a alta da demanda, como é possível haver aumento de preços sem ela?

Inflação e estagnação econômica

Antes de mais nada, é preciso entender os dois fatores da equação. De forma simples, a inflação é o aumento no preço de produtos, bens e serviços que fazem parte do dia a dia dos brasileiros. Quando a demanda cresce, o poder de compra aumenta ou a produção de um produto recua, ela dispara.

Já a estagnação econômica é um período em que não já crescimento das atividades, ou seja, o número de empregos não cresce, as empresas não vendem mais e a população não compra além do que já comprava. Tudo permanece em zero a zero.

Estagflação e seus perigos

Quando os dois fatores citados estão presentes no país ao mesmo tempo, ocorre a chamada estagflação. O problema foi visto em 2017 na Argentina, quando o PIB caiu 2% e a inflação acumulada terminou o ano 25%, cerca de três vezes o previsto para o Brasil neste ano.

O processo é perigoso porque pode criar um efeito cascata. Com a economia parada, o desemprego aumenta. Com mais desemprego, a população tem menos para gastar. Com menos dinheiro, a economia para de girar.

“Elas [as pessoas] reduzem o consumo e só compram o que é absolutamente essencial, como alimentação e remédios. Deixam de trocar de carro, comprar um novo computador, televisão, roupa, e o consumo cai muito nesse cenário de estagflação”, explica o professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP).

O aluguel é mais um indicador da estagflação. “O dono do imóvel tem medo de que venha a inflação, e aumenta já antecipadamente o preço. É perigoso porque isso pode gerar uma bola de neve. Você não resolve o problema do emprego e, ao mesmo tempo, tem uma inflação alta”, explica.

O Brasil vive uma estagflação?

Embora o PIB tenha recuado 0,1% no segundo trimestre de 2021, o país tecnicamente ainda não vive essa situação. O indicador certamente chamou a atenção dos especialistas, mas ainda não é suficiente para uma análise como essa.

“Você vai encontrar economistas que, por conta de um trimestre de crescimento zero, concluem que estamos em estagflação, o que eu não acho correto. Um trimestre é muito pouco em economia, e mesmo um semestre não seria suficiente para classificar como estagflação”, diz Feldmann.

Entretanto, esse é de fato um risco para o próximo ano. “As projeções para 2022 é que [o Brasil] tenha um crescimento de 1%, muito pequeno, que facilmente chega a zero. Então há sim um risco de que nós estejamos em estagflação no ano que vem”, completa.

Jornalista graduada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), integra o time VS3 Digital desde 2016. Apaixonada por redação jornalística, também atuou em projetos audiovisuais durante seu intercâmbio no Instituto Politécnico do Porto (IPP).

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