Bancos
Escalada de juros torna mais distante saída da inadimplência
Do início do ano até hoje, parcelas de dívidas já foram majoradas em mais de 22%
Quitar dívidas ficou cada vez mais difícil para os brasileiros. Tudo por conta dos juros elevados e da inflação que não dá trégua, o que torna um ‘sonho distante’ a liquidação de compromissos financeiros. Pelo contrário, depois de superarem o sufoco orçamentário dos primeiros meses de 2023, os devedores tupiniquins ‘topam’ agora com parcelas majoradas, na média, em 22%, situação que perpetua o estado de inadimplência, numa bola de neve que só favorece a banca financeira.
Em números, o contingente de inadimplentes no país bateu recorde no início deste ano, atingindo, segundo cálculos da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 66 milhões de pessoas ou o correspondente a 40,6% da população adulta brasileira, entre aqueles que apresentam, pelo menos, uma conta em atraso. Trata-se do maior número da série histórica da confederação.
De acordo com estudo da plataforma de recuperação de crédito, o valor médio das parcelas de dívidas pagas apresentou aumento de até 22,3% em março último, ante os primeiros dois meses deste ano. Como exemplo, enquanto o tíquete médio recebido dos credores, em janeiro último, custava R$ 472,46, este subiu para R$ 455,34 no mês seguinte, até chegar a R$ 570,37 em março, o que representa uma alta de 21% sobre a parcela de janeiro e de 25% sobre a de fevereiro. No trimestre, a média de parcelas pagas correspondeu a R$ 496,15.
A sazonalidade dos dados citados é lembrada pelo economista e CEO da Ativo Investimentos, Diego Hernandez, uma vez que, no mês passado, o orçamento do brasileiro teve um ‘alívio’, após dois meses seguidos de reajustes de contratos de serviços e gastos com educação.
“O indicador de inflação desse começo de ano, nos primeiros dois meses, esteve bem inchado, justamente por conta desses fatores. Houve muitas repactuações de contratos de serviços de telecomunicações em janeiro, além dos pagamentos de tributos (IPTU, IPVA). Por isso, costuma ser um período mais tenso para o pagamento de dívidas”, comentou Hernandez.
Também em março deste ano, no comparativo anual, o grupo de devedores acusou elevação de 8,32%, conforme estimativa do SPC Brasil, e alta de 1%, na passagem de fevereiro para o mês passado.

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