Evergrande ‘explosiva’, Fed e Focus pautam Ibovespa nessa segunda

O mundo respira fundo, em mais uma semana de incertezas quanto ao tamanho do buraco da dívida da colossalmente endividada (US$ 300 bilhões) incorporadora imobiliária chinesa, Evergrande, incapaz de honrar, na semana passada, o pagamento de juros de US$ 83 milhões, bem como o potencial de contágio de mais uma crise nascida na China, sobre o resto do mundo.

‘Shutdown’ ianque – Às voltas com seu próprio teto de gastos, o governo Joe Biden defendeu o shutdown, pelo qual seria reduzido o funcionamento da Casa Branca, de modo a evitar sua inadimplência, até o final deste ano. Em paralelo, a presidente da Câmara dos Deputados estadunidense, Nancy Pelosi, espera ver aprovado, nesta semana, projeto de infraestrutura, defendido pelo Partido Democrata, que prevê investimentos de US$ 1 trilhão. Ao mesmo tempo, o mercado acompanha os sucessivos discursos de representantes do Federal Reserve (Fed) que deverão dar ‘novas pistas’ sobre o ‘ritmo’ de retirada da injeção bilionária mensal de US$ 120 bilhões, de grande impacto no mercado internacional.

Abacaxi no Congresso – Tais fatores devem exercer forte influência sobre a movimentação de negócios do Ibovespa, nessa segunda-feira (27), quando também o Boletim Focus do Banco Central (BC) divulga projeções sobre juros, PIB e inflação. Na agenda econômica do Congresso, prosseguem as negociações entre o Executivo e o Parlamento, numa busca de consenso para o ‘abacaxi’ dos precatórios, dívidas judiciais da União que superam hoje os R$ 89 bilhões, uma conta difícil de engolir em ano pré-eleitoral. Enquanto isso, o ‘trio parada dura’ formado por risco fiscal-crise hídrica-inflação continua imbatível. O dia é também de expectativa quanto a avanços consideráveis das reformas do IR e administrativa.

Overhedge já – Como a atual temporada (último trimestre do ano) é pródiga no aumento da demanda por dólares – tendo em vista remessas de lucro ao exterior e a necessidade dos bancos de ajuste do overhedge, numa conta entre US$ 16 bilhões e US$ 18 bilhões – a autoridade monetária passará a oferecer, a partir de hoje (27), por meio de leilões extraordinários, todas as segundas e quartas-feiras, 14 mil contratos de swap cambial, como antecipação ao ano passado, quando teve início apenas no final de novembro, o que representaria, segundo analistas, zelo extra do BC em relação ao câmbio, com impacto direto na inflação brasileira.

Pressão vendedora – Para melhor entendimento, overhedge é quando os bancos vendem dólares para neutralizar suas posições em ativos cotados em moedas estrangeiras, para recomprá-los depois, no final do ano, de maneira a ‘zerar’ o overhedge, propiciando pressão vendedora da moeda americana no país.

Tributação de mineradoras – No campo movediço da reforma do IR no Senado, seu relator, senador Ângelo Coronel, propôs aumentar a tributação de mineradoras, caso estudos da Receita Federal mostrem que a taxação de 15% dos dividendos implica elevação da carga tributária.

Criação de vagas – Além dos dados da dívida pública de agosto, o BC também divulga hoje (27) o relatório de crédito, que traz informações a respeito de empréstimos pendentes e taxas de inadimplência. Já na terça (28), é a vez da divulgação de dados sobre a criação de vagas no mercado de trabalho no mês passado, elaborado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), com viés positivo, até agora. Nesse mesmo dia, também sai o resultado das contas públicas consolidadas em agosto, que devem apresentar déficit de R$ 12,3 bilhões.

Deflação – Já o IGP-M, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), deverá apresentar em setembro deflação de 0,45% para o mês anterior, mas alta de 25,09%, para igual período do ano passado. O recuo, segundo analistas, reflete as continuadas quedas de preço do minério de ferro, embora o índice deva continuar a ser pressionado pelo aumento dos grãos e preços in natura, por um lado, e por outro, pela expansão das tarifas de energia elétrica.

Déficit à vista – Também amanhã (28) será conhecido o resultado do governo central para o mês passado, com previsão de déficit de R$ 164 bilhões, segundo o Itaú, enquanto as contas públicas consolidadas, igualmente em agosto, têm uma previsão de déficit de R$ 12,3 bilhões.

Commodites reagem – Na área das commodities, petróleo brent e minério de ferro esboçam reação, após semanas de quedas. Enquanto o primeiro avança 1%, a US$ 79 o barril, o segundo obteve aumento superior a 3% no contrato futuro da Bolsa de Dalian (China) – quinto aumento consecutivo – uma vez que as siderúrgicas tendem a aumentar seus estoques, após um feriado prolongado no gigante asiático.

Europa cresce – Na Europa, o índice Stoxx 600 – composto pelas ações de 600 empresas dos principais setores de 17 países europeus – avançava nessa segunda a 0,4%, com destaque positivo para ações dos setores de petróleo e gás.

Principais indicadores  

Estados Unidos

*Dow Jones Futuro (EUA), +0,29%

*S&P 500 Futuro (EUA), +0,06%

*Nasdaq Futuro (EUA), -0,31%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), +0,27%

*Dax (Alemanha), +0,73%

*CAC 40 (França), +0,43%

*FTSE MIB (Itália), +0,6%

Ásia

*Nikkei (Japão), -0,03% (fechado)

*Shanghai SE (China), -0,84% (fechado)

*Hang Seng Index (Hong Kong), +0,07% (fechado)

*Kospi (Coreia do Sul), +0,27% (fechado)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +1,27%, a US$ 74,92 o barril

*Petróleo Brent, +1,27%, a US$ 79,08 o barril

*Bitcoin, +1,86% a US$ 43.777,41

*Sobre o minério: **O minério de ferro negociado na Bolsa de Dalian registra alta de 3,53%, a 703 iuanes, ou US$ 108,8

USD/CNY = 6,46