Conecte-se conosco

Empresas

Gigante dos combustíveis fecha as portas e preocupa consumidores

Após anos de crise, a Sete Brasil teve sua falência decretada. Entenda os motivos e os impactos para o setor petrolífero.

Publicado

em

A Sete Brasil nasceu com a promessa de impulsionar a indústria naval brasileira e fortalecer a exploração do pré-sal. Criada em 2010, a empresa foi projetada para fornecer sondas de perfuração à Petrobras, movimentando bilhões de reais e gerando milhares de empregos. No entanto, uma combinação de escândalos, falta de investimentos e crise econômica levou a companhia à falência.

Após anos de tentativas de recuperação, a Sete Brasil teve sua falência decretada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 17 de dezembro de 2024. O que começou como um projeto ambicioso terminou com um rombo bilionário e impactos significativos na economia.

De promessa do pré-sal a um impasse bilionário

A Sete Brasil foi criada para fornecer sondas de perfuração ao pré-sal, mas não resistiu a crises financeiras e escândalos. (Foto ilustrativa: Hello my names is james/Getty Images Pro)

O plano da Sete Brasil era grandioso: construir 28 sondas para operar na exploração do pré-sal, um investimento estimado em US$ 25 bilhões. A proposta foi bem recebida no início, atraindo investidores e garantindo apoio financeiro. No entanto, a realidade começou a mudar quando denúncias de corrupção surgiram no âmbito da Operação Lava Jato.

As investigações apontaram um esquema de superfaturamento, com contratos inflacionados e repasses indevidos. O escândalo minou a credibilidade da empresa, afastando investidores e comprometendo sua capacidade de financiamento. Sem dinheiro novo entrando, os projetos começaram a ser paralisados, e os primeiros sinais de crise ficaram evidentes.

Mesmo após entrar em recuperação judicial em 2016, a empresa não conseguiu se reerguer. Apenas quatro das 28 sondas planejadas saíram do papel, enquanto as dívidas cresceram de R$ 21,7 bilhões para R$ 36 bilhões. Com credores cada vez mais impacientes e sem perspectiva de novos contratos, a falência tornou-se inevitável.

Os reflexos da falência para o mercado

O colapso da Sete Brasil deixou um rastro de impactos, principalmente para o setor naval. A promessa de reativar estaleiros e criar empregos em larga escala nunca se concretizou. Empresas que dependiam da Sete Brasil para o fornecimento de peças e serviços agora enfrentam dificuldades financeiras.

O Rio de Janeiro, estado que concentrava grande parte das operações da empresa, também sentiu os efeitos da falência. Além da perda de empregos diretos e indiretos, a arrecadação de royalties do petróleo pode sofrer quedas, afetando os investimentos públicos em infraestrutura. Pequenos negócios ligados à cadeia produtiva da exploração offshore já relatam dificuldades.

Para além do setor petrolífero, o caso da Sete Brasil reforça os desafios do Brasil na condução de projetos estratégicos. A falta de fiscalização eficiente e o histórico de corrupção afastam investidores, tornando iniciativas desse porte cada vez mais arriscadas.

O que significa a falência e por que empresas recorrem a ela

A falência é um processo legal utilizado quando uma empresa não consegue mais pagar suas dívidas e manter suas atividades. Nesse cenário, a companhia tem seus bens vendidos para quitar parte do que deve aos credores. Para muitas empresas, esse é o último recurso após tentativas frustradas de recuperação.

Antes da falência, algumas companhias recorrem à recuperação judicial, mecanismo que permite renegociar débitos e buscar fôlego financeiro. No caso da Sete Brasil, a recuperação foi iniciada, mas sem sucesso. Sem crédito, sem investidores e sem perspectivas de retomada, o pedido de falência foi o desfecho inevitável.

O caso da Sete Brasil é um dos exemplos mais marcantes de uma empresa que cresceu rápido, mas não conseguiu se sustentar. Com uma trajetória marcada por promessas e problemas financeiros, seu colapso serve de alerta sobre os riscos do mau planejamento e da falta de transparência no setor empresarial.

Estudante de jornalismo, no segundo semestre. Trabalhei como redator na Velvet durante três anos.

Publicidade

MAIS ACESSADAS