Economia
Guedes acha ‘normal’ política monetária de juros em alta
Para justificar a escalada da Selic, ministro explica que ‘estamos desacelerando, um pouco, o crescimento’
Normal. Assim reagiu o ministro da Economia, Paulo Guedes, quando questionado sobre a continuidade de alta da Selic (a taxa básica de juros), que já se aproxima rapidamente dos dois dígitos. “Todo mundo vai ter que recuar, só que acho que Brasil tem dinâmica de investimentos, como se fosse a curva em S, investimento real disparando, então os juros vão subir, porque nós estamos freando, estamos desacelerando um pouco o crescimento”, explicou, ao participar, nessa quinta (11), da conferência Itaú Macro Vision, organizada pelo Itaú Unibanco.
Aperto geral – Sobre a inflação, o ministro comentou que esta deverá ‘surgir com força’ nos Estados Unidos, fazendo com que “os bancos centrais do mundo inteiro passem aperto”. Ainda sobre a economia da superpotência, Guedes avaliou que a situação brasileira “é completamente diferente do problema deles [EUA], que já estavam em desaceleração sincronizada, e, na hora em que estão tentando um ‘rebound’ [retomada], a inflação vem com tudo, eles estão sem dinâmica de crescimento. O tempo vai dizer”, complementou.
Programa eleitoral – “Muita paixão” é o termo empregado pelo ministro investidor offshore aos críticos que consideram um ‘calote’ o formato atual da PEC dos Precatórios – dívidas judiciais sem direito a recurso pela União – visando financiar o Auxílio Brasil, programa social com fins eleitoreiros que garante, a cada uma das 17 milhões famílias potencialmente eleitoras, o vale-voto de R$ 400.
Fura-teto – Aparentemente indiferente ao altíssimo fiscal imposto pela sua proposta orçamentária ‘fura-teto’, o ministro acrescenta que “a primeira grande vantagem é que [a PEC] torna Orçamento exequível. A segunda grande vantagem, mais importante ainda, é que isso se estende para todo futuro previsível, ou seja, não vai haver mais sustos nos precatórios”, garante Guedes, o isento, ao manifestar a expectativa de uma aprovação célere da matéria no Senado.
Expectativa ministerial – Contradições políticas de um governo autofágico à parte, o superministro resiliente Guedes adianta sua expectativa imediata: “Eu faria agora uma reforma administrativa na Câmara, tentaria aprovar Precatórios no Senado este ano ainda, até porque, no próximo, temos Correios, Eletrobras, isso aí não tem problema nenhum você fazer em janeiro, fevereiro, março. O que você tem que aprovar agora são os programas sociais porque você tem que entrar rodando este ano, você não pode criar em ano eleitoral”, justificou.
‘Finanças melhoradas’ – Ao argumentar que a condição fiscal do país continua a ser ‘muito forte’, o ministro offshore entende que, “tanto estados quanto municípios apresentam hoje finanças bem melhoradas, uma vez que o governo federal teria travado despesas, como as relacionadas à folha de pagamento do funcionalismo”.
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