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Mercado de Trabalho

Ignorar mensagem de chefe após expediente agora é um direito na Austrália

País consolida ao trabalhador o direito de se ‘desligar’ da conectividade contínua do trabalho.

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A relação entre a vida profissional e pessoal tem sido um tema de crescente importância no cenário global, especialmente com o avanço das tecnologias que conectam trabalhadores a seus empregos a qualquer hora e em qualquer lugar.

Nesse contexto, a Austrália se destaca por ter implementado uma nova lei conhecida como “direito de se desconectar”.

Essa legislação permite aos funcionários ignorar mensagens e chamadas de seus empregadores fora do horário de expediente sem precisar se preocupar, portanto, com represálias.

Austrália e o ‘direito de desconectar’

A legislação, já em vigor, oferece um alívio notável para muitos australianos que se sentem pressionados a ficarem disponíveis a qualquer momento para o trabalho.

De acordo com uma pesquisa realizada pela BBC, estima-se que os profissionais australianos estavam realizando, em média, 281 horas extras não remuneradas anualmente.

Esse dado evidencia a crescente sensação de que os limites entre o trabalho e a vida pessoal estavam se tornando cada vez mais vagos.

A nova lei não proíbe os empregadores de contatar seus funcionários fora do expediente; em vez disso, confere aos trabalhadores o direito de não responderem a essas comunicações, a menos que a recusa seja considerada irracional.

Isso estabelece uma estrutura que busca balancear as expectativas de trabalho e a necessidade de descanso e recuperação.

Para garantir que a implementação da lei seja justa, a legislação estabelece que empregadores e funcionários devem tentar resolver disputas diretamente entre si.

Caso não consigam chegar a uma solução amigável, a Comissão de Trabalho Justo (FWC) da Austrália pode intervir.

A FWC possui a autoridade para determinar se um empregador deve cessar o contato após o expediente ou, em alguns casos, pode requisitar que um funcionário responda se sua recusa for vista como irracional.

O não cumprimento das ordens da FWC pode acarretar multas significativas, tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

Nova lei da Austrália autoriza os trabalhadores a ignorarem solicitações profissionais fora do expediente – Imagem: reprodução

Reações à nova legislação

Organizações representativas de trabalhadores manifestaram apoio à lei recente, indicando que essa mudança vai fortalecer os direitos dos funcionários e promover um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal.

O Conselho Australiano de Sindicatos, por exemplo, afirmou que a nova medida concede poder aos trabalhadores, permitindo-lhes recusar contatos de trabalho desproporcionais fora do expediente.

Entretanto, as reações entre os trabalhadores são variadas. Rachel Abdelnour, atuando na indústria de publicidade, destacou a importância da nova lei, enfatizando que a constante conectividade por meio de celulares e e-mails torna difícil um verdadeiro desligamento.

Por outro lado, David Brennan, um profissional da área financeira, expressou ceticismo sobre a eficácia da mudança em sua indústria, na qual a pressão por resultados pode muitas vezes ultrapassar limites pessoais.

John Hopkins, especialista em local de trabalho da Universidade de Tecnologia de Swinburne, argumentou que a legislação não apenas beneficia os trabalhadores, mas também os empregadores.

Segundo ele, trabalhadores que desfrutam de um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional tendem a apresentar menos faltas, o que se traduz em uma força de trabalho mais saudável e produtiva.

Tal percepção sugere uma mudança de paradigma que reconhece que a felicidade e o bem-estar dos funcionários são cruciais para o sucesso organizacional.

A implementação bem-sucedida da lei pode servir como modelo para outros países, alinhando-se a uma tendência global em direção a um trabalho mais sustentável e saudável.

*Com informações da BBC.

Formada produtora editorial e roteirista de audiovisual, escrevo artigos sobre cultura pop, games, esports e tecnologia, além de poesias, contos e romances. Mãe de três curumins, dois cachorros e uma gata, também atuo ativamente em prol à causa indígena no Brasil.

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