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Tecnologia

Internet via satélite revoluciona a Amazônia, mas traz desafios culturais

Conectividade via Starlink beneficia indígenas amazônicos, mas levanta questões sobre preservação cultural.

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A recente chegada da internet via satélite à Amazônia, por meio do serviço Starlink de Elon Musk, trouxe consigo uma transformação significativa para as comunidades indígenas. Os impactos da conectividade, embora positivos em alguns aspectos, também levantaram preocupações entre os líderes tribais.

A tribo Marubo, situada nas proximidades do vale do rio Javari, experimentou mudanças profundas em seu cotidiano desde a introdução da tecnologia. Relatos de vício em redes sociais e conteúdos digitais despertaram o receio de uma transformação cultural irreversível.

Vícios digitais e mudanças culturais

Os jovens marubos veem-se cada vez mais atrelados aos smartphones, dedicando grande parte de seu tempo a jogos e redes sociais. Esse comportamento, especialmente em relação aos jogos eletrônicos de tiro, tem sido motivo de preocupação para os anciãos da tribo, que temem a influência da violência digital.

Além disso, o acesso irrestrito à internet possibilitou o consumo e compartilhamento de material pornográfico, afetando comportamentos sociais e sexuais. Essa mudança cultural não é bem-vista pelos mais velhos, que observam uma crescente adoção de práticas contrárias às tradições locais.

Impacto nas práticas tradicionais

O avanço da tecnologia também tem alterado as prioridades dos jovens indígenas, que demonstram menos interesse nas atividades tradicionais. Práticas como a fabricação de artesanato, tinturas, caça e pesca estão sendo gradativamente deixadas de lado, o que pode ameaçar a subsistência da comunidade.

Tsainama Marubo, um dos aldeões, expressou sua insatisfação, apontando que os jovens estão se afastando dos costumes tradicionais e adotando hábitos urbanos. Essa mudança cultural é vista como um desafio à preservação da identidade indígena.

Medidas de controle e benefícios

Com a intenção de equilibrar os benefícios da conectividade e a preservação cultural, os líderes marubos estabeleceram limites para o uso da internet. O acesso agora é permitido durante dois períodos específicos do dia, com maior liberdade aos domingos.

No entanto, a presença da Starlink na Amazônia não é apenas uma fonte de conflitos. Ela trouxe diversas vantagens, como acesso à educação, novas oportunidades econômicas e rapidez no atendimento médico.

Com o sinal disponível em mais de 90% dos municípios amazônicos brasileiros, os indígenas podem agora integrar-se mais ao restante do país, mas os desafios de adaptação cultural permanecem.

Jornalista graduada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), integra o time VS3 Digital desde 2016. Apaixonada por redação jornalística, também atuou em projetos audiovisuais durante seu intercâmbio no Instituto Politécnico do Porto (IPP).

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