Política
Lula não tomará medida de corte que envolva o salário mínimo
Fala se dá no contexto da meta fiscal.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou ontem que não tomará nenhuma medida de corte de orçamento público que envolva a redução do salário mínimo para as parcelas mais pobres da população, como aquelas que recebem da Previdência Social. Em entrevista à TV Record, ele enfatizou que o crescimento da riqueza no país deve ser distribuído de forma justa para todos.
“Quando alguém fala que eu deveria desvincular o salário mínimo da Previdência Social, isso é impossível. O mínimo, como o nome diz, é o mínimo. Não existe nada abaixo do mínimo. Portanto, não posso reduzir o mínimo, que já é o mais baixo de todos. Quando é necessário aumentar o salário mínimo, fazemos a reposição inflacionária. Se a inflação foi de 3%, repomos 3%. Além disso, se o PIB crescer 6% em dois anos, além da inflação, damos um aumento de 6%, o que é justo tanto do ponto de vista humano quanto social.”
Lula também ressaltou que os números atuais da economia superam as expectativas do mercado e voltou a criticar a taxa de juros do Banco Central. “Não há um único indicador que sugira que o Brasil enfrenta qualquer problema. Estamos crescendo mais do que o mercado previa. O mercado estimava um crescimento de 0,8%, mas crescemos 3%. A inflação, que o mercado previa estar descontrolada, está sob controle. A única coisa fora de controle é a taxa de juros.”
Salário mínimo
O presidente ainda destacou a criação de empregos, o aumento da massa salarial e reafirmou o compromisso de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês. “Geramos 2,5 milhões de empregos em um ano e sete meses. A massa salarial cresceu 11,7%. O salário mínimo é reajustado duas vezes acima da inflação. Pretendo alcançar a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Retiramos 24 milhões de pessoas da fome. Estamos vivendo um momento extraordinário.”
Meta fiscal
Lula foi questionado sobre a possível modificação da meta de déficit zero nas contas públicas em 2024 para cumprir as regras do arcabouço fiscal. Ele respondeu que o mais importante é que a economia cresça com sustentabilidade fiscal. “Este país é imenso e poderoso. O que é pequeno é a mentalidade de alguns dirigentes e especuladores. Não importa se o déficit é zero ou 0,1. O essencial é que o país cresça, que a economia cresça, que o emprego cresça, que os salários cresçam. Faremos o necessário para cumprir o arcabouço fiscal, garantindo estabilidade jurídica, fiscal, econômica e social. Esse país terá previsibilidade.”
Na próxima semana, o Ministério da Fazenda deve anunciar bloqueios no orçamento para cumprir a meta de resultado primário, conforme anunciado pelo ministro Fernando Haddad.
Violência política
O presidente também comentou sobre a violência política global, relembrando o atentado contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que é candidato às próximas eleições norte-americanas. Para Lula, o mundo vive uma era de falta de respeito e argumentação.
“Qualquer tipo de violência é abominável. Não se trata apenas do ex-presidente Donald Trump, mas também do assassinato de prefeitos e vereadores em pequenas cidades. Precisamos resgatar a tolerância. Hoje, o argumento perdeu valor, prevalecem mentiras e fake news. Argumentar requer dizer a verdade, mas mentir não exige argumentos. Precisamos reintroduzir a argumentação nos debates políticos e compreender os problemas do mundo.”
Nesse contexto, o presidente defendeu a regulação das grandes empresas de tecnologia que controlam as redes sociais. “Não é aceitável que empresas continuem lucrando disseminando mentiras, promovendo provocações e campanhas contra vacinas, sem qualquer compromisso com a verdade. Apoio uma regulação, pois essas empresas ganham bilhões com publicidade e lucros ao disseminar ódio no mundo inteiro”, afirmou.
(Com Agência Brasil).
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