Na contramão do exterior, Ibovespa tenta se manter em alta

Enquanto as bolsas lá fora operam no negativo, aqui o principal índice acionário da B3 tenta se firmar em campo positivo. A expectativa de que uma nova rodada de estímulo à economia dos Estados Unidos aconteça antes das eleições foi por água abaixo e mina o humor externo. Além disso, o aumento do Coronavírus no mundo impõe cautela. Às 10h40, o Ibovespa registrava alta de 0,19%, aos 101.449 pontos.

A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, disse na sexta-feira que aguarda uma resposta do Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e do presidente Donald Trump sobre a questão fiscal para hoje. Os investidores acreditam que o vai e volta entre republicanos e democratas deve empurrar o tema para depois das eleições, em 3 de novembro.

Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) voltou a chamar a atenção para o avanço dos casos de Covid-19. A Itália anunciou que fechará academias e cinemas. A Espanha está adotando o toque de recolher às 23h para várias cidades. Londres voltará a proibir encontro entre pessoas que não vivem na mesma residência. Nos Estados Unidos, ontem foram registrados mais de 83 mil novos casos.

Por aqui, segundo reportagem do jornal O Globo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já conseguiu apoio no Senado para aprovar a privatização da Eletrobras. Segundo a reportagem, ainda falta construir uma maioria na Câmara dos Deputados para a privatização da estatal. No entanto, o mercado não está muito otimista de que o processo seja iniciado ainda este ano.

“O fluxo de notícias em torno da pauta de privatizações do governo tem ganhado força nos últimos meses. A nosso ver, a Eletrobras, os Correios, o Porto de Santos e os contratos do petróleo do Pré-Sal (PPSA) aparentam ser alvos mais realistas para um eventual processo de privatização/venda. Como a pauta de 2020 está cheia e o fim do ano se aproxima, o mais provável é que nada concreto seja conquistado antes de 2021”, avaliam os analistas da Guide Investimentos em relatório.

Logo cedo foi divulgado o boletim Focus do Banco Central que mostra que os economistas aumentaram as projeções para o IPCA este ano para 2,99% ante 2,65% registrado na semana anterior. Para o Produto Interno Bruto (PIB), houve melhora na projeção, passando de queda de 5% para recuo de 4,81%. A Selic foi mantida em 2% ao no. Para 2021, a estimativa de inflação subiu de 3,02% para 3,10%. Para o PIB a expectativa de crescimento caiu de 3,47% na semana anterior para 3,42%. Para Selic, as projeções foram elevadas de 2,50% para 2,75%.

A Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice de Confiança do Comércio (ICOM)  recuou 3,8 pontos em setembro, passando de 99,6 para 95,8 pontos, interrompendo uma sequência de cinco altas consecutivas. Em médias móveis trimestrais, o indicador avançou 3,2 pontos.

“Depois de cinco altas consecutivas, a confiança do comércio volta a recuar em outubro. O resultado é fruto da combinação de queda tanto dos indicadores sobre o presente, quanto sobre os próximos meses. Apesar do resultado negativo na ponta, a percepção sobre o ritmo de vendas no mês segue mais positiva, acima dos 100 pontos. Por outro lado, a significativa queda das expectativas mostra que os empresários estão se tornando cada vez mais cautelosos com a sustentabilidade da recuperação. A falta de confiança do consumidor e a incerteza sobre o período pós programas de auxílio do governo, parecem contribuir para esse sinal de alerta”,  avalia Rodolpho Tobler, Coordenador da Sondagem do Comércio da FGV IBRE.

Em Nova York, o índice Dow Jones registrava queda de 1,10%, aos 28.023 pontos e o Nasdaq perdia 0,47%, aos 11.497 pontos.