Economia
Novo vilão: Transporte público deve pressionar inflação em 2022
Apontado como novo vilão da inflação no próximo ano, transporte público pode sofrer aumento de 40% a 50% nas tarifas.
Um novo vilão deve pressionar a inflação no próximo ano, após sucessivas altas nos preços dos combustíveis. O transporte público possivelmente refletirá o aumento no diesel, a redução da demanda de passageiros e a necessidade de reajustes nos salários de motoristas e cobradores.
Leia mais: Focus: mercado financeiro aumenta projeção da inflação para 9,33%
Em meio a essa perspectiva, os governos terão que lidar com a pressão para elevar o valor das tarifas ou oferecer subsídios a empresas do setor. De acordo com companhias e especialistas, os repasses dos custos para a tarifa de ônibus, trens e metrô equivaleriam a aumentos de 40% até 50%.
Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a alta excessiva de 65% nos preços do diesel vendido nas refinarias impacta a operação e amplia o déficit das empresas, que chegou a R$ 17 bilhões durante a pandemia.
Repassar integralmente a inflação acumulada à população é inviável, especialmente para os cidadãos de baixa renda. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumulado ficou em 10,25%. Por outro lado, oferecer subsídios pode comprometer ainda mais as já abaladas contas públicas de prefeituras e governos estaduais.
Na visão do economista Cláudio Frischtak, sócio gestor da Inter.B, o reajuste nas tarifas ficará acima dos 10%, mas ainda assim serão necessários fortes subsídios. “Parte considerável das pessoas que precisam de transporte público tem capacidade mais restrita para absorver esses reajustes. O que tende a acontecer é elevar subsídios”.
Medidas locais
Na cidade do Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes já anunciou subsídios para as empresas do setor, grande parte elas em processo de recuperação judicial. O novo modelo de gestão terá mudanças na remuneração das empresas, nova licitação de bilhetagem digital e acompanhamento dos ônibus via GPS a partir de julho de 2022.
Já na capital do Paraná, a solução encontrada foi alterar a remuneração das companhias. Depois de começar a pagar por quilômetro rodado e não por passageiro, a prefeitura de Curitiba economizou cerca de R$ 211 milhões em apenas 15 meses.
Em São Paulo, maior capital do país, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou que os reajuste nas tarifas será “inevitável”. Os valores foram congelados em R$ 4,40 em 2021. Segundo ele, a diferença entre a arrecadação e os gastos com a operação do sistema de metrô chega a R$ 3 bilhões e é paga com subsídios.
Possíveis soluções
Para o presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha, existem algumas saídas para custear um transporte coletivo de qualidade. Muitas delas, inclusive, constam em projeto de lei que prevê a criação de um marco legal para o setor.
Uma boa opção seria a arrecadação de dinheiro com a exploração de estacionamentos públicos. De forma geral, Cunha defende a reconstrução do setor com saída para um serviço melhor e mais em conta.
“A sociedade inteira deve bancar parte desse custo, como já é feito fora do país”, afirma.
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