Palestra da Embrapa aborda tema sobre mudanças climáticas na agricultura

Nos dias 17 a 19 de agosto, A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja MT) realizam o primeiro Simpósio Técnico de Aprosoja em Cuiabá (MT) com o tema Fitossanidade— Desafios das culturas de soja e milho em MT. Os impactos das mudanças climáticas na agricultura e a principal linha de ação da Embrapa Soja serão abordados no evento. O Simpósio é dirigido a produtores rurais, agrônomos, engenheiros agrônomos, professores, estudantes de ciências agrárias e técnicos agrícolas.

“A Aprosoja é uma parceira importante que reúne, neste evento, um público que pode se beneficiar dos resultados de pesquisa gerados pela Embrapa. Esperamos poder contribuir apresentando uma visão de como a ciência pode somar, se antecipando aos problemas, e trazendo maior eficiência e rentabilidade às atividades do campo”, explica o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno.

De acordo com relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) na semana passada, o chefe da Embrapa Soja destacou que nos próximos 20 anos a tendência de elevação média da temperatura da Terra em 1,5ºC dificilmente será revertida. De acordo com o documento, os eventos serão mais extremos, as chuvas e as secas serão mais frequentes, intensas e duradouras.

Segundo Nepomuceno, é preciso estar preparados para enfrentar este desafio. “Na agricultura, temos que adotar estratégias de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. E no caso da soja, por exemplo, temos resultados de pesquisa mostrando que tecnologias para manejo do solo, a adoção do plantio direto na palha, o uso de plantas mais tolerantes a estresses climáticos e o acompanhamento do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) são estratégias importantes de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, ressalta.

Um conceito recorrente na fala de Nepomuceno foi a manutenção e até ampliação da sustentabilidade, que segundo ele tem permeado o desenvolvimento dos ativos tecnológicos desenvolvidos pela Embrapa Soja, sejam eles produtos, serviços ou informações geradas para apoiar os sistemas de produção. Ele dá exemplos como: controle biológico de pragas, fixação biológica de nitrogênio, plantio direto de palha e rotação de culturas.

“A visão de sustentabilidade econômica, social e ambiental esteve presente nestes 46 anos de atuação do Centro Nacional de Pesquisa de Soja, a Embrapa Soja. O desafio é trazer todo conhecimento proporcionado pela revolução digital e também genética para compor com o que já faz parte das expertises dos nossos pesquisadores. Transformar o conhecimento em inovação para impactar positivamente as cadeias produtivas”, enfatiza.

A chefe-geral também usa o Big Data como exemplo para criar novos serviços e facilitar a tomada de decisões do produtor de forma mais confiável e precisa. Também enfatiza a importância das ferramentas de blockchain no rastreamento da soja brasileira, fortalecendo e comprovando processos sustentáveis. Em termos de genética, Nepomuceno mostrou que o uso da tecnologia de edição de genoma e do RNAi tópico está revolucionando o trabalho de laboratório e terá um impacto decisivo no agronegócio a médio e longo prazo. Portanto, agora é importante investir pesadamente na pesquisa nacional em parcerias público-privadas ou grande parte da receita dos produtores continuará a fluir para outros países na forma de royalties.

Nepomuceno ressalta ainda que há uma diretriz institucional de ampliar em 40% os projetos da Embrapa para atuarem em inovação aberta com o setor produtivo. “É missão da Embrapa estar atenta às grandes inovações, assim como estar presente para resolver os problemas cotidianos que afetam as cadeias produtivas”, diz. “Temos um corpo técnico altamente qualificado, que consegue trabalhar com diferentes stakeholders e vamos atuar para realizar as entregas de forma estratégica para o agronegócio”.