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Petrobras prevê aumento na demanda térmica por gás e tenta normalizar oferta

Acionamento de mais usinas termelétricas foi feito em meados de outubro em meio a perspectivas negativas sobre chuva nas hidrelétricas.

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A Petrobras vem tomando diversas medidas visando regularizar a oferta de gás para termelétricas desde meados do mês passado, mas ainda não conseguiu atender duas térmicas do Nordeste e outra tem sido atendida apenas parcialmente, diante do aumento na demanda pelo insumo, disse nesta quarta-feira a estatal.

Em 16 de outubro, governo autorizou o acionamento de mais usinas termelétricas em meio a perspectivas ruins sobre chuva na região das hidrelétricas, principal fonte de energia do país.

A ação decidida pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), composto por técnicos e autoridades da área energética do governo, foi chamado pela Petrobras de um “abrupto incremento” no uso de térmicas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Depois disso, a Petrobras afirmou que promoveu diversas iniciativas para aumentar o suprimento e conseguiu “normalização” do atendimento às usinas a partir de 22 de outubro, mas logo após isso o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ordenou um aumento adicional da geração térmica a gás no Nordeste.

“Em função desse acréscimo, a Petrobras não está atendendo duas termelétricas na região Nordeste e uma está sendo atendida parcialmente”, disse em nota a estatal.

“Com a expectativa de retorno de plataformas em paradas de manutenção e aumento da importação do gás da Bolívia, que ainda depende de questões de governança interna da YPFB, o atendimento às termelétricas da Região Nordeste poderá ser regularizado”, completou.

A petroleira não detalhou quais são as questões que envolvem a YPFB, estatal responsável pelo fornecimento boliviano ao Brasil, nem tampouco os volumes que serão comprados do exterior.

O Ministério de Minas e Energia autorizou em outubro a Petrobras a realizar atividades de importação de gás natural da Bolívia em volume total de até 10 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d), justamente o total da redução contratual fechada em março com a YPFB, que reduziu a obrigação de fornecimento de 30 milhões para 20 milhões de m³/d.

A Petrobras não forneceu um cronograma para a normalização total, e disse que “tem mantido articulação permanente” sobre a questão junto ao ONS, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“Vale lembrar que a logística do fornecimento de grande volume adicional de gás natural envolve um tempo mínimo para viabilizar o atendimento”, explicou.

Após uma reunião extraordinária na segunda-feira, o CMSE disse que durante o encontro houve apresentações de técnicos sobre “ações para o aumento da disponibilidade plena de combustível para a geração das usinas térmicas”.

Em outra reunião do comitê estatal realizada na primeira semana de novembro, a Petrobras havia sido convidada para apresentar “medidas em curso que visam à maior disponibilização de combustível para atendimento pleno à necessidade de geração indicada pelo ONS”.

Ligamento imprevisto de termelétricas

Gustavo Ayala, presidente da comercializadora de energia Bolt, afirmou à Reuters que mesmo com chuvas fracas recentes um grande acionamento de termelétricas não era esperado pelos agentes do mercado de energia para aquela ocasião, o que pode ter dado pouco tempo para a Petrobras organizar a oferta de gás.

“A ata (com as decisões do CMSE) foi publicada no dia 16 de outubro às 16h24, muito em cima mesmo. Não constava do planejamento das térmicas… foi a reunião extraordinária que surpreendeu as usinas”, disse ele.

O chamado acionamento “fora da ordem de mérito” das térmicas motivou a decisão do CMSE, o que significa acionar mais usinas do que a necessidade projetado por modelos computacionais que baseiam o sistema elétrico.

Importações adicionais de gás

Para atender à demanda adicional das térmicas, a Petrobras tomou medidas como o reposicionamento de um navio regaseificador do terminal de Pecém, no Ceará, para a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e a compra de 17 cargas extras de gás natural liquefeito (GNL) para entrega em outubro e novembro, disse a estatal.

A petroleira também afirmou ter elevado a oferta de gás em suas plataformas operacionais, para balancear unidades em parada de manutenção reprogramadas devido à pandemia, e promovido conversas com transportadoras de gás.

“Essas ações possibilitaram a normalização do atendimento a partir de 22/10. No entanto, posteriormente, o ONS também incrementou o despacho de termelétricas da Região Nordeste”, disse a Petrobras.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) chegou a questionar a estatal pela frustração de geração no final de outubro em suas termelétricas Arembepe e Muricy, localizadas na Bahia.

A superintendência de fiscalização de geração do órgão regulador solicitou explicações da Petrobras pelo motivo de as usinas não terem operado na capacidade exigida entre 27 e 29 de outubro, com questões inclusive sobre a possibilidade de falta de combustível.

No começo de novembro, o Ministério de Minas e Energia indicou em boletim que a decisão do CMSE de ligar usinas a gás fora de ordem de mérito ocasionou um “aumento acentuado na demanda térmica, da ordem de 30%, na semana de 17 a 23 de outubro, seguido de mais 23% na semana de 23 a 30 de outubro”.

As usinas térmicas nesta quarta-feira eram responsáveis po cerca de de 16 gigawatts médios em geração no Brasil, aumento de cerca de 3 GW médios em relação ao registrado em meados de novembro de 2019. De acordo com dados do ONS, no momento, o uso de termelétricas representa cerca de 24% da oferta, ante 61% de produção fornecida por hidrelétricas.

Nem o ONS nem o Ministério de Minas e Energia retornaram imediatamente a pedidos para falar sobre o tema da oferta de gás para térmicas.

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