Petrobras tem metas robustas para reduzir gases poluentes

A Petrobras (PETR3; PETR4) está estabelecendo metas ambiciosas para os próximos anos em termos de redução de emissões de gases poluentes, revelou o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da empresa, Maurício Tolmasquim, em entrevista à Agência Brasil.

Uma dessas metas é reduzir ainda mais as emissões de metano (CH4), um gás com alto impacto no aquecimento global, na fase inicial de um processo anterior à produção (upstream). Atualmente em 0,22 toneladas de metano por 1.000 toneladas de hidrocarboneto, a meta é chegar a 0,2 tonelada de CH4 até 2030, considerado quase zero, conforme explicou o diretor.

A segunda meta, descrita como “super ousada” por Maurício Tolmasquim, é colocar em operação 14 novas plataformas do tipo FPSO (sigla em inglês para Floating Production Storage and Offloading), capazes de produzir, armazenar e transferir petróleo e gás natural.

“Apesar do aumento na produção de petróleo e gás, estamos propondo manter o nível de emissões absolutas até 2028. Ou seja, vamos aumentar consideravelmente a capacidade de produção de petróleo e gás mantendo as emissões”, explicou.

Petrobras (PETR3; PETR4)

O próximo objetivo, segundo Tolmasquim, é reduzir ainda mais as emissões, visando alcançar 0% de emissões líquidas até 2050.

O Caderno do Clima 2024, divulgado nesta terça-feira (30), demonstra que as emissões absolutas de dióxido de carbono (CO2) da Petrobras caíram 41% no período de 2015 a 2023, em comparação com 39% entre 2015 e 2022. Em relação ao metano, a emissão absoluta foi reduzida em 68%.

Tolmasquim enfatizou que todo o processo de descarbonização está vinculado a um programa adotado pela empresa, denominado Carbono Neutro, que envolve todas as áreas da Petrobras, sob a responsabilidade da gerência executiva de Clima e Descarbonização.

Os técnicos

Os técnicos ligados ao Programa Carbono Neutro estão constantemente trabalhando para que processos e tecnologias sejam selecionados com base no critério de maior eficiência, visando a descarbonização. Tolmasquim destacou que esse esforço tem permitido melhorar as emissões.

Para alcançar esse objetivo, foi criado um instrumento chamado Fundo de Descarbonização. A primeira carteira de projetos para uso desse fundo inclui iniciativas nos segmentos de exploração e produção, refino, gás e energia, e logística. O orçamento do Fundo de Descarbonização foi ampliado de US$ 600 milhões para US$ 1 bilhão no período de 2024 a 2028.

A metodologia da Petrobras obriga seus executivos a escolher o projeto que apresente o melhor retorno para a empresa. “Essa é a regra”, garantiu Tolmasquim.

Investimento

Às vezes, no entanto, a diferença de investimento entre um projeto que gera maior retorno mas emite mais e outro que emite menos é tão pequena que a Petrobras recorre ao Fundo de Descarbonização, permitindo ao executivo obter recursos do fundo e escolher o projeto com menor emissão.

“É um fundo interno gerenciado por um comitê. Possui toda uma governança, mas permite que a empresa sempre escolha o processo que oferece o maior retorno. No entanto, temos um fundo que ajuda o processo com menor emissão a ser competitivo com aquele que emite mais. Este tem sido um instrumento muito valioso”, explicou Tolmasquim.

Viviana Coelho, gerente executiva de Clima e Descarbonização, informou que o fundo atualmente conta com cerca de 700 oportunidades ou alternativas de redução de emissões.

“Temos uma curva de custo marginal de abatimento que ordena, em termos de custo crescente, essas 700 alternativas. Isso tem se mostrado muito eficaz”, acrescentou Tolmasquim.

Viviana disse que já existem mais de 30 projetos no Fundo de Descarbonização. “Eles têm o potencial de reduzir as emissões equivalentes a uma refinaria inteira ou três plataformas. Isso dá uma ideia da escala desses projetos. É como se uma refinaria inteira ou três plataformas deixassem de emitir”, concluiu.

(Com Agência Brasil).