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Produção de café em Minas Gerais é ameaçada pelo tempo seco

Déficit hidríco pode atrapalhar o pegamento das flores, que é essencial para a próxima safra.

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O agrônomo José Braz Matiello, especialista da Fundação Pró-café, disse nesta sexta-feira que as floradas nos cafezais de Minas Gerais ainda são pontuais, e que o tempo seco prolongado pode atrapalhar o pegamento das flores, que é essencial para a próxima safra.

O déficit hídrico registrado em Varginha, no Sul de Minas Gerais, foi de aproximadamente 100 milímetros no início de setembro, ligando o sinal de alerta sobre a projeção para próxima safra de café arábica, apontou a pesquisa feita com cooperativas e associações.

“Acima de cem milímetros seria o máximo que o café aguentaria, sendo que as lavouras mais novas não aguentam esse déficit sem registrar prejuízos”, disse Matiello.

O agrônomo explicou que a reserva hídrica do pé de café fica basicamente na folha, e com a persistência do tempo seco, “a planta vai desfolhando, jogando folhas no chão, e quando vem a florada, ela não segura (no ramo).”

Menos de 10% das lavouras de Minas Gerais registrou florada, continuou Matiello. O Estado é responsável por aproximadamente metade da produção do Brasil, país que é maior produtor global de café.

“Para florescer normalmente, precisaria, dependendo da lavoura… do correspondente a 20 milímetros (de chuva). Se chover pouco, o botão (floral) cai”, continuou.

As regiões produtoras do sul e sudoeste de Minas Gerais devem registar pouco mais de 30 mm de precipitações até 19 de setembro, mas só a partir da segunda quinzena do mês a umidade deve aparecer, apontam dados do terminal Eikon, da Refinitiv. Até lá, as plantas ficam estressadas.

Matiello também comentou que a falta de precipitações é menor em outras áreas.

Segundo informações do Eikon o déficit hídrico médio no Sul de Minas e Triângulo Mineiro em 60 dias é estimado em torno de 30 mm em relação à média histórica, apesar de chuvas acumuladas nos últimos 30 dias de cerca de 20 mm no sul-sudoeste do Estado.

Ainda de acordo com o agrônoma, a queda das folhas em janeiro e fevereiro, meses chuvosos, não chega a ser um problema para o pé de café, contudo, quando isso ocorre em meses de seca, a planta fica ainda mais debilitada, o que pode afetar a safra seguinte.

A temporada 2021 de arábica será a de baixa na bianualidade da cultura, o que numa situação de menor umidade pode ser preocupante. Esse tipo de café geralmente representa cerca de 75% da produção nacional.

“O pessoal no campo tem dito que as lavouras estão bem estragadas, junta a produção alta deste ano, e junta com a seca, a lavoura que já está meio fraca sofre… mas ainda é difícil de dizer qual o grau de prejuízo, se chover…”, disse.

Irrigação como solução

Aqueles que possuem irrigação já ligaram os equipamentos para fazer a planta florescer, mas o número de produtores que dispõe a tecnologia é baixo, afirmou o agrônomo.

Matiello acredita que menos de 100 mil hectares contam com irrigação para amenizar o problema da longa seca. Minas Gerais possui cerca de 1 milhão de hectares de café.

Na região do Triângulo Mineiro, há uma área irrigada estimada em cerca de 70 mil hectares, ao passo que o norte de Minas conta com apenas 10 mil hectares.

A maior parte da área de café irrigado no Brasil é a de conilon (robusta), em regiões como o sul da Bahia ou norte do Espírito Santo. Cerca de 25% da produção nacional é responsabilidade das regiões produtivas dessa variedade, onde cerca de 200 mil hectares são irrigados, já que registram temperaturas mais elevadas, explicou o especialista..

Especialmente no Estado do Espírito Santo, as áreas do conilon de maneira geral já registraram floridas.

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