Economia
Programa de estímulo a eletrodomésticos pode reduzir vendas de fim de ano
Na semana passada, durante um evento, o presidente Lula (PT) falou de uma suposta redução de tributos sobre os eletrodomésticos de “linha branca”, de modo a incentivar o consumo e movimentar a economia do país. Porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não recebeu nenhuma ordem oficial sobre o tema.
Uma medida semelhante havia sido adotada pelo Governo Federal no ano de 2009, durante o segundo mandato do líder. Entretanto, alguns especialistas em economia alertam para uma possibilidade bastante perturbadora, que pode prejudicar a balança econômica brasileira.
Vendas de fim de ano podem ser comprometidas
De acordo com alguns expert no tema, caso um incentivo dessa magnitude aconteça antes do final do ano, isso pode gerar um grave desaquecimento nas compras referentes ao Natal e ao Ano Novo. O economista Rica Mello afirma que tal ação trata-se apenas de populismo e que não impactaria grandemente na economia agora. Segundo ele:
“Deve ter um número muito maior de pessoas que vão ser contempladas com essa medida. Ainda assim, vai ser um pequeno percentual da população. É uma vitrine, uma medida popular e que traz apoio ao governo, mas é uma medida que tem uma eficácia na economia muito baixa, praticamente nula.”
Mello também faz comparações com a medida que teve em vista incentivar a aquisição de automóveis populares, alegando que ela não obteve a relevância fiscal que estava sendo esperada pelo poder público no início.
“Foram 125 mil veículos. A gente está falando de uma população de 200 milhões de pessoas. 120 mil se deram bem, vamos dizer assim, conseguiram um desconto. As outras 199 milhões de pessoas, quase todo o país, não tiveram nenhum desconto. Na linha branca, eu acredito que esse número vai ser muito maior, porque existem muitos bens com valor inferior.”
Já quanto à opinião do setor produtivo, uma parte dele alega que esse tipo de ação envolvendo os eletrodomésticos poderia trazer mais equilíbrio ao mercado, uma vez que essa “mãozinha” viria em uma hora em que a taxa Selic ainda continua alta (13,75%).
Enquanto isso, Mislene Lima especialista em negócios varejistas, conta que a cadeia produtiva poderia vir a se beneficiar muitos de uma redução deste nível e o cenário pode ser mais propício do que muita gente imagina.
“A gente espera que este incentivo gere um aquecimento, não só da compra de eletrodomésticos, como geladeira, fogões e outros, como também faça o aquecimento dos produtos usados junto desses equipamentos. A gente acredita que vai ter um aumento na parte de utensílios, utilidades do lar e no varejo como um todo. Também vai fomentar novas aquisições de vendedores e pessoas para reposição”.
No entanto, ela alerta que o incentivo pode levar a uma antecipação das compras e comprometer o aquecimento do setor no final do ano, quando ocorrem as campanhas bastante significativas, como a Black Friday e o Natal.
A proposta acaba gerando uma preocupação no quanto poderá impactar a promoção típica de empregos temporários de fim de ano, época em que o varejo fica com a dinâmica bastante aquecida.
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