Finanças
Quase 70 milhões têm contas atrasadas no Brasil: conheça razão principal
Levantamento do Serasa traz nova alta e demonstra que situação de boa parte dos brasileiros é crítica quando o assunto são finanças
Uma pesquisa do Serasa Experian identificou que a inadimplência por parte dos brasileiros continua subindo. Pelo nono mês consecutivo, o recorde foi batido, chegando a 68,39 milhões de devedores em setembro. O número teve um incremento de 420 mil pessoas em comparação ao mês anterior. Em agosto, a quantidade de brasileiros com contas atrasadas chegou a 67,97 milhões.
O principal motivo para a situação de inadimplência é o desemprego. É o que dizem 29% dos consultados em 2022, frente a 30% em 2021. O grupo mais atingido pela falta de trabalho é o de jovens até 30 anos, 33%; e o de mulheres, 31%. Portanto, o padrão indica que parte significativa das dívidas são contraídas enquanto as pessoas trabalham. Consequentemente, quando são dispensadas e permanecem ociosas, o pagamento deixa de ser feito para dar prioridade às necessidades mais básicas.
Na lista de principais dívidas que atingem os brasileiros, o cartão de crédito ocupa o topo do ranking. Segundo a pesquisa, 53% dos brasileiros endividados têm problemas por conta do mau uso desta forma de pagamento. Dentro deste segmento, 65% das compras estão relacionadas a alimentos, em supermercados; 48% dizem estar enroladas por conta da aquisição de roupas, calçados e eletrodomésticos; e 41% dizem ter feito compromisso a comprar remédios ou pagar tratamentos médicos.
Compras em aplicativos de comida e gastos com transportes e combustíveis correspondem a 22% das respostas. Por outro lado, contas básicas, como água, gás e energia, tiveram queda no último ano. Em 2022, essa categoria representou 19% das dívidas, ao passo que no mesmo período do ano passado o índice era de 32%.
O diretor de marketing do Serasa, Matheus Moura, acredita que a mudança tenha a ver com as mudanças econômicas. Sobretudo, a melhora no cenário do desemprego e o pagamento de benefícios sociais, a exemplo, do Auxílio Brasil. De qualquer maneira, o percentual de devedores com débitos atrasados há mais de um ano teve aumento pelo segundo ano consecutivo, chegando a 71%. Em 2021, eram 67%.
Conforme o relatório, “dentre os tipos de dívidas (com pelo menos um ano), as contraídas a partir do empréstimo do nome para terceiros são as com maior representatividade”. Assim, estima-se que 85% das dívidas por empréstimo de nome estão atrasadas. Deste percentual, 64% com um ano ou mais de atraso. Moura lembra que “a dívida tem um lado muito prático, mas também tem um lado emocional importante”. Dessa forma, muitas pessoas são acometidas por problemas de ordem psicológica e emocional.
A esse respeito, dentre os 5.225 entrevistados, verificaram-se os seguintes resultados:
- 83% têm dificuldade para dormir por conta das dívidas;
- 78% têm surtos de pensamentos negativos devido aos débitos vencidos;
- 74% afirmam ter dificuldade de concentração para realizar tarefas diárias;
- 62% sentiram impacto no relacionamento conjugal;
- 61% viveram ou vivem sensação de “crise e ansiedade” ao pensar na dívida;
- 53% revelam sentir “muita tristeza” e “medo do futuro”:
- 51% têm vergonha da condição de endividado;
- 33% não se sentem mais confiantes em cuidar de suas próprias finanças;
- 31% sentiram impacto das dívidas no relacionamento com familiares.
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