Economia
Resultado do IBC-Br ‘frustrante’ deve impactar avanço econômico em 2023
Queda do indicador do BC decorreu, sobretudo, do desempenho ‘decepcionante’ dos serviços
Em tempos de calorão, a economia dá sinais explícitos de ‘esfriamento’ nessa reta final do ano. Esta é a percepção dominante entre analistas de mercado, ante à queda de 0,06% do IBC-Br – indicador do Banco Central (BC), também chamado de ‘prévia do PIB’ – em setembro último, a reboque do desempenho ‘frustrante’ do setor de serviços, que vinha sustentando o avanço da atividade produtiva, ao longo dos últimos meses.
Em consequência, a maior parte das projeções apontam declínio do PIB no terceiro trimestre do ano (3T23), o que torna mais improvável a perspectiva de o país crescer 3% ou além disso, em 2023, como era esperado até outubro.
Depois de ‘tombar’ 0,81% em agosto, a expectativa do mercado era de que o IBC-Br avançasse 0,20%, mas o indicador recuou mais 0,06% em setembro, com maior destaque para a fragilidade do setor de serviços, que baixou 0,3%, na passagem de agosto para setembro, a despeito da estimativa da pesquisa Projeções Broadcast, de uma alta de 0,4%.
Quase de imediato, a G5 Partners anunciou o corte, de 3% para 2,8% de sua projeção inicial para este ano, com base em um cálculo de retração mais acentuada do PIB, que ‘afundaria’ de -0,1% para -0,4%. “Percebe-se uma desaceleração na margem em todos os segmentos econômicos, inclusive na agropecuária, que, alinhada com a queda do IBC-Br no terceiro trimestre, sugere uma variação negativa para o PIB do período”, observa o economista-chefe da G5 Partners, Luís Otávio de Souza Leal.
Já a Nova Futura Investimentos decidiu reiterar a alta do PIB de 3%. Embora seu economista-chefe, Nicolas Borsoi, teria admitido como mais ‘factível’ um avanço de 2,8%. A Santander Brasil, por sua vez, recuou, de -0,3% para -0,4%, sua expectativa em relação ao 3T23. Menos otimista foi a previsão do economista do banco, Gabriel Couto, de que o crescimento da economia não deve passar de 2,5%, tendo em vista a manutenção da tendência de ‘esfriamento econômico’.
Outra revisão, para baixo, veio da MAG investimentos, em que o economista Felipe Oliveira admitiu que a economia em 2023 teria caído 2,8% para um intervalo entre 2,5% e 2,6%. Enquanto tenha ‘apostado’, a princípio, em uma estabilidade no 3T23, agora a gestora inclui estimativa de queda entre 0,1% a 0,2%. “Já estávamos com essa visão (de desaceleração da atividade) tendo em vista os juros ainda bem elevados, e que não teríamos o impacto do agro e seu efeito transbordamento”, disse Oliveira.
Por fim, o Banco Central (BC) trabalha com um prognóstico de que a economia cresça 2,9%, segundo consta do Relatório Trimestral de Inflação de setembro, ao passo que a equipe econômica projetou expansão de 3,2%. Ao comentar o resultado do IBC-Br, o presidente do BC, Roberto Campos Neto que a queda de 0,06% do indicador em setembro não alteraria a expectativa da autoridade monetária para 2023 e 2024.
“Foi o número de um mês. Precisamos pensar se isso muda as expectativas de crescimento para este ano e o carregamento para o ano que vem, e achamos que não. Já existia a percepção de que esse trimestre teria uma desaceleração”, comentou o dirigente do BC, ao participar de um evento na semana passada.
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