R$ 30 bilhões mensais: economia paralela das apostas expõe cenário de endividamento

O que começou como uma febre entre os fãs de esportes agora acende um sinal de alerta no governo brasileiro.

De acordo com o Banco Central, os brasileiros estão movimentando cerca de R$ 30 bilhões por mês em plataformas de apostas online — valor que impressiona pela velocidade com que cresceu nos últimos anos e pela falta de controle anterior sobre essas transações.

A informação veio à tona durante a CPI das Bets, em andamento no Senado Federal. Segundo Rogério Lucca, secretário-executivo do BC, os dados passaram a ser mais precisos após a regulamentação do setor, em janeiro deste ano.

Desde então, foi possível mensurar com mais clareza o quanto os jogos de azar virtuais já fazem parte da rotina de consumo no país.

Popularização das bets gera impactos além da economia

Nas redes sociais, nos uniformes de clubes e até em propagandas de TV, as bets tornaram-se onipresentes. Em meio a tantas promessas de ganhos rápidos, cresce também o número de brasileiros endividados — muitos deles atraídos por slogans que sugerem lucro fácil e solução rápida para problemas financeiros.

Um levantamento do Instituto DataSenado revelou que 42% dos usuários que apostaram ao longo de um mês estavam inadimplentes no período. Esses dados acendem o alerta sobre um comportamento de risco que vai além da estatística.

Esse cenário indica que a atividade, embora legalizada, exige mais controle e informação. Afinal, nem todo apostador está preparado para lidar com os riscos emocionais e financeiros envolvidos — e o impacto pode ir muito além do bolso.

Como buscar ajuda e evitar o ciclo do vício em apostas

A boa notícia é que é possível sair desse ciclo. O primeiro passo é reconhecer que o hábito deixou de ser entretenimento e passou a comprometer outras áreas da vida. Em seguida, é essencial buscar apoio, seja com familiares, grupos de suporte ou até com acompanhamento profissional especializado em saúde mental.

Além disso, já existem linhas de ajuda específicas para quem enfrenta transtornos relacionados a jogos de azar, oferecendo orientação e acolhimento.

Reorganizar a vida financeira, limitar o acesso às plataformas e criar uma nova rotina também são medidas que ajudam no processo de recuperação. Mais do que números, a discussão sobre apostas envolve histórias reais de pessoas que, por vezes, se perdem entre cliques e promessas.