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Commodities

Receios com demanda da China e atrasos na Índia surgem após entrega recorde de açúcar na bolsa

Entrega física do produto na bolsa sugere que não há demanda suficiente para ele.

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A entrega de açúcar bruto por donos de contratos futuros em Nova York atingiu o recorde 2,62 milhões de toneladas nesta semana, gerando temores sobre uma queda da demanda em mercados importantes como a China e sobre um atraso na nova safra da Índia.

Os contatos futuros de café a petróleo ou açúcar vencem mensalmente, e são utilizados como um meio de integrantes de diferentes mercados de mercadorias se prevenirem de oscilações nas cotações. Na maioria das vezes, quem comprou um contrato tem a opção de entregar o produto fisicamente para a bolsa.

Quando isso ocorre, como neste caso na ICE de Nova York, onde grande parte do açúcar bruto produzido no mundo é precificado, normalmente significa que não há demanda suficiente como fabricantes de doces ou indústrias de refrigerantes, ou seja, os consumidores finais.

A trading chinesa de commodities Cofco foi a campeão de envio de açúcar bruto para a bolsa, 1,25 milhão de toneladas. Esse foi um indicativo para os trazer de que a companhia não tinha demanda que bastasse para negociar essa produção com os refinadores da China.

“A entrega da Cofco pode refletir menos compras do que o esperado da China”, afirmou um corretor de açúcar de Chicago.

Os contratos futuros do açúcar bruto subiram 48% na comparação com as mínimas registradas em meados de abril, impulsionados pela demanda chinesa após uma queda drástica nano início da pandemia do coronavírus.

Mas as expectativas até agora infundadas de que Pequim aumentaria as cotas de importação de açúcar também estavam impulsionando essas cotações.

“O mercado esperava uma liberalização parcial da política de importação da China, o que não aconteceu”, disse o analista de açúcar Claudiu Covrig, da S&P Global Platts.

A Cofco mudou seu terminal no porto de Santos para carregar açúcar em vez de milho, mostrando preparação para uma forte temporada de embarques para fora o exterior.

Além das preocupações com a demanda chinesa, a entrega significa que os produtores brasileiros de açúcar estão com enormes estoques após uma forte temporada de produção.

Os estoques atuais no centro-sul brasileiro estão em 11,1 milhões de toneladas frente a 8,8 milhões de toneladas no ano passado, estima a Platts. Segundo o analista Covrig, as entregas de açúcar brasileiro ajudarão a abrir algum espaço de armazenamento.

Outro sinal dado por essa grande entrega é o de que alguns operadores podem estar prevendo atrasos na safra de açúcar da Índia, que deveria começar nesse mês, por causa das chuvas e dificuldades com mão-de-obra causados ​​pela pandemia de Covid-19.

A entrega deste mês incluiu 2,61 milhões de toneladas de açúcar brasileiro, um indicativo de que alguns operadores estão engordando seus estoques do produto mesmo antes da possivelmente volumosa temporada indiana.

“Alguns dos recebedores dessas entregas estão apostando em um atraso na produção da Índia”, opinou outro corretor de açúcar norte-americano.

O fenômeno climático La Niña, que muda os padrões de chuvas em várias partes do globo, pode ser negativo para a produção de cana do Brasil em 2021 e algumas empresa podem estar estocando temendo recuo na produção, acrescentou o corretor.

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