Economia
Retirada líquida da poupança é a maior da história: R$ 11,51 bilhões
Segundo o Banco Central (BC), depósitos (R$ 279,92 bilhões) foram superados por saques (291,44 bilhões)
Maior saída de recursos em fevereiro já registrada pelo Banco Central (BC) – desde o início da série histórica, em 1995 – as retiradas líquidas das cadernetas de poupança atingiram no mês passado R$ 11,51 bilhões (depósitos de R$ 279,92 bilhões foram superados por saques de R$ 291,44 bilhões), segundo informou, nesta segunda-feira (6), o Banco Central (BC).
Antes desse saldo negativo recorde, a maior saída líquida havia sido ocorrido, em igual mês, no ano de 2016, de R$ 6,63 bilhões. Já no que toca ao acumulado nos dois primeiros meses deste ano, o saldo também é negativo em R$ 45,14 bilhões
Em decorrência da ‘sangria’ de recursos da aplicação em fevereiro último, o estoque de valores depositados, ou volume total aplicado, também recuou, de R$ 972,6 bilhões, em janeiro, para R$ 968 bilhões, no mês passado.
Entre os fatores determinantes da saída recorde, analistas apontam a coincidência com os gastos tradicionais no início de ano, como o pagamento de impostos (IPVA, IPTU), quitação de parcelas de compras de Natal ou viagens de férias financiadas.
Do ponto de vista macroeconômico, a inflação continua colocando pressão sobre os ativos econômicos, uma vez que, na prévia de fevereiro, o IPCA-15 variou 0,76%, embora o saldo acumulado em 12 meses tenha recuado de 5,87% para 5,63%.
Contribui para o quadro avassalador de retiradas o também recorde nível de inadimplência, que atinge, ao menos, 70 milhões de brasileiros, a reboque da manutenção da taxa básica de juros (Selic) no elevado patamar, há quase dois anos, de 13,75% ao ano pelo Banco Central (BC), a título de combater, ainda sem sucesso, a escalada inflacionária.
Outro dado desfavorável às cadernetas é sua baixa rentabilidade, não superior a 2% (ganho real), já descontando a subida de preços captada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), já projetado em 5,90% para este ano.
Por regra, toda a vez que a Selic supera o nível de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança chega a 0,5% ao mês, acrescido da variação da Taxa Referencial (TR), por sua vez, calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados. De acordo com o analista da consultoria TradeMap, Einar Rivero, apenas cinco das 13 principais aplicações financeiras do país obtiveram ganho real em 2022.
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