Selic ‘acanhada’; Precatórios e blue chips pautam Ibovespa da quinta

Com aquele gosto de que ‘deixou a desejar’ – o reajuste, para 7,75% ao ano, da taxa Selic (básica de juros) pelo Banco Central na quarta-feira (27) – o mercado busca pistas dos próximos movimentos da autoridade monetária, no sentido de conter a disparada da inflação, longe de ser controlada.

Marca da insuficiência – Enquanto a taxa já nasce com a marca da insuficiência, prosseguem as tratativas no Congresso, a fim de destravar a PEC dos Precatórios – que volta a Plenário, para votação, nessa quinta (28) – instrumento de barganha de um governo focado em 2022, e seu programa social Auxílio Brasil, vendido como socorro aos vulneráveis, mas constitui, tão-somente, fonte de financiamento para sua reeleição. Até aí, ‘já vimos esse filme’, mas, agora, o preço da medida ‘fura-teto-eleitoreira’ é a responsabilidade fiscal, último reduto de credibilidade nacional para investimentos, daqui ou de fora.

Taxa ‘acanhada – Para analistas do mercado, a alta da Selic foi mais ‘acanhada’ do que o esperado, ‘sem ancorar as expectativas do mercado para a economia nacional’. Na avaliação da economista da Gap Asset, o aumento deveria ter sido de, pelo menos, dois pontos percentuais.

‘Atrás da curva’ – “O BC está sendo visto como ‘atrás da curva’, o tempo inteiro. Essa sensação de ‘desancoragem’ das expectativas, de perda de credibilidade com o anúncio de mudança da regra do teto de gastos ou o furo no teto de gastos que seria incluído na PEC dos Precatórios, isso dá uma sensação de fragilização da nossa âncora fiscal e consequentemente aumenta nosso juro neutro”, afirmou.

Alta maior ainda – Deixar a taxa em aberto, é o argumento do estrategista da RB investimentos, Gustavo Cruz, tendo em vista, segundo ele, que ‘uma parcela do mercado acredita ser necessária uma alta ainda maior’.

Meta perseguida – Cruz acrescenta, ainda, que os próximos dados devem mostrar alta mais forte da inflação, o que não oferece, ao investidor, qualquer segurança de que a meta perseguida pelo BC será atingida em 2022 ou no ano seguinte.

Vale eleitoral – Na agenda econômica no Congresso, a Câmara dos Deputados aprovou ontem (27) a ampliação do prazo regimental para discussão em Plenário da PEC dos Precatórios, tendo em vista aprovar um espaço fiscal superior a R$ 80 bilhões – e seu vale eleitoral de R$ 400 por família – mesmo à custa do estouro do teto fiscal, como quer o ministro offshore, o isento Guedes.

Lucro de R$ 3,7 bi – Tais contradições devem pesar sobre o Ibovespa, nessa quinta (28), que deve passar a refletir mais os resultados de ‘blue chips’ nacionais – Ambev (ABEV3), Petrobras (PETR3;PETR4) e Vale (VALE3), após o fechamento do mercado – e menos os bons números dos balanços de companhias ianques, em fim de temporada, relativos ao terceiro trimestre (3T21). Na véspera (27), a Ambev (ABEV3) reportou lucro líquido de R$ 3,712 bilhões no 3T21, um avanço de 57,4% ante igual período do ano passado.

PIB ianque sobe – Também nos EUA, é dia de divulgação do PIB referente ao terceiro trimestre (3T21) – cuja previsão, pelo consenso Refinitiv, é de um avanço de 2,7%, ante a igual período de 2020 – além da divulgação de números sobre os pedidos de auxílio-desemprego semanal no país mais rico do planeta – estimativa Refinitiv de 290 mil pedidos.

Sem trégua – Trapalhadas eleitoreiras à parte, a realidade é que a inflação não dá trégua, a julgar pelo cavalar IGP-M de 21,36 %, acumulado em 12 meses, até outubro corrente (alta de 0,64% no mês), que constitui pequeno recuo, ante os 24,86%, do mês anterior. No ano, o índice acumulado chega a 16,74%, bem acima das variações registradas pelo IPCA, o índice oficial, que acelerou 1,20%, neste mês, em que acumula avanço de 10,34% em 12 meses.

Europa ‘variada’ – Voltando ao plano internacional, as bolsas europeias operam com desempenhos variados hoje (28), enquanto o investidor local procurar digerir resultados corporativos, assim como aguardam a decisão do Banco Central Europeu, sobre a taxa de juros.

Stoxx 600 estável – Em decorrência, o índice Stoxx 600 apresenta estabilidade, mediante a valorização de 1% dos papéis da fabricante de veículos Stellantis, a despeito de a empresa divulgar uma queda de 14% de receita no 3T21, por conta da escassez global de chips. No aspecto negativo foi o recuo de 2,3% das ações da Volkswagen recuaram 2,3%, depois que a montadora deixou de fornecer previsão para a entrega de sua produção.  após a empresa cortar sua previsão de entregas.

Commodities em baixa – No momento em que os preços do petróleo e do minério de ferro registram baixas, as bolsas asiáticas amargam quedas, depois que o Banco do Japão anunciou que deverá manter, sem alterações, a atual política monetária do país nipônico.

Pandemia recua – Ao mesmo tempo, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) admitiu que a pandemia recua, na maior parte das Américas, chegando ao menor nível, tanto em casos, quanto mortes, no período de um ano.

CPI indicia – No Brasil, a também eleitoreira, mas no sentido inverso, CPI da Covid indiciou o presidente Bolsonaro em nove crimes, além de responsabilizar criminalmente outras 77 pessoas e duas empresas.

Principais indicadores  

Estados Unidos

Dow Jones Futuro (EUA), +0,06%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,15%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,41%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), -0,39%
*Dax (Alemanha), -0,19%
*CAC 40 (França), +0,23%
*FTSE MIB (Itália), -0,08%

Ásia

*Nikkei (Japão), -0,96% (fechado)
*Shanghai SE (China), -1,23% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -0,28% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -0,53% (fechado)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, -0,67%, a US$ 82,1 o barril
*Petróleo Brent, -0,71%, a US$ 83,98 o barril
*Bitcoin, +2,58% a US$ 60.560,21
*Sobre o minério de ferro: **O minério negociado na bolsa de Dalian teve queda de 2,36%, a 638,5 iuanes, o equivalente a US$ 99,8