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Investimentos

Será que vale a aposta? Petrobras prevê pagar quase meio trilhão de reais em dividendos

Cifra consta em planejamento estratégico divulgado, com previsão de distribuição para os próximos anos. Dúvida é se governo Lula aceitará

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Além dos investimentos robustos anunciados com o planejamento estratégico da Petrobras, outra informação chamou a atenção. O documento, divulgado na quarta (30), prevê a distribuição de valores elevados de dividendos entre 2023 e 2027, mantendo a política adotada nos últimos anos. São até US$ 85 bilhões (ou aproximadamente R$ 440 bilhões) em caso de manutenção dos bons resultados. Com isso, o plano mantém o foco no pré-sal e na remuneração de acionistas, o que é bem visto pelo mercado.

As projeções, quando analisadas de forma superficial, indicam uma estatal com ações atrativas no futuro, com tendência à valorização e garantia de retorno. Porém, a eleição de Lula tende a frustrar parte das expectativas. O presidente eleito já anunciou que deseja uma Petrobras apostando em investimentos, de modo a inseri-la na vanguarda da transição energética. Assim, como as grandes companhias internacionais, o petróleo perderia o protagonismo gradualmente, dando lugar a outras matrizes e fontes consideradas limpas.

Recentemente, o PT, por meio de sua presidente, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), também teceu críticas ao pagamento de dividendos. Para a parlamentar, a medida tira da Petrobras sua “capacidade de investimento e só enriquece acionistas”. A política de remuneração, inclusive, chegou a ser alvo do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU), mas a ação não prosperou. Por isso, o cenário é de cautela e nenhuma prospecção atual deve ser tomada como definitiva. Afinal, o governo eleito planeja trocar a cúpula da petrolífera e revisar o planejamento estratégico.

Da forma como está, a Petrobras espera ter uma receita entre US$ 180 bilhões e US$ 210 bilhões (aproximadamente R$ 930 bilhões e R$ 1,1 bilhões) em cinco anos. Este valor, contempla, por exemplo, entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões (R$ cerca de R$ 50 bilhões e R$ 100 bilhões) arrecadados com a venda de ativos. Todavia, na prática, esses números devem ser bem menores. Vale lembrar que o grupo temático de Minas e Energia da equipe de transição chegou a pedir a atual diretoria da Petrobras a suspensão da venda, já em andamento, de refinarias e outros ativos. Em resposta, houve apenas o compromisso de não fazer novos anúncios até o final de 2022.

Quanto aos dividendos, o planejamento se ancora com duas possibilidades. Primeiramente, a fatia equivalente a 60% do fluxo de caixa livre da empresa, de até US$ 70 bi (ou aproximadamente R$ 360 bilhões). Ademais, outra possibilidade envolve o pagamento de possíveis dividendos extraordinários de US$ 15 bilhões (ou cerca de R$ 78 bilhões). Durante teleconferência com investidores nesta quinta (1º), o diretor financeiro da Petrobras, Rodrigo Araújo, em resposta às críticas sobre o pagamento de dividendos, disse que “mais da metade do que a companhia gera retorna para a sociedade brasileira”. A informação foi apurada pela Folha.

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