Economia
Sobre fusão com Azul, Latam dispara: “rival tem pavor da concorrência”
Para o presidente da Latam, é “baixíssima” chance de o Cade aprovar a transação
A temporada turbulenta de tretas agora tem sua versão entre as aéreas. Questionado sobre a possibilidade de fusão de sua empresa, a Latam Brasil, com a concorrente direta, a Azul, o presidente da companhia, Jerome Cadier, rechaçou de imediato a ideia.
Pavor da concorrência – “O que a companhia (Azul) está querendo (com a oferta pela Latam Brasil) é aumentar tarifa, pois teria menos concorrência. Isso é bom para o acionista da Azul, não para o passageiro”, disparou o executivo, ao considerar um ‘absurdo’ a Azul defender o monopólio no setor aéreo, “porque tem pavor da competição”. Em live, 17 agosto passado, o presidente da Azul, John Rodgerson, defendeu a necessidade de o país contar com ‘empresas fortes no setor’, o qual, até agora, estaria se limitando a ‘voos de galinha’.
Mais competitiva – Sobre a investida da concorrente, Cadier a definiu como ‘tática de mercado’, a fim de dificultar a saída da Latam do processo de recuperação judicial Chapter 11 (legislação de falências norte-americana no setor aéreo), além de encarecer os custos de sua companhia. Em contraponto, o presidente da Latam prevê que a Latam “vai sair mais competitiva do que já fomos na história do grupo”.
Decisão ruim – Em último caso, caso a Azul, de fato, adquirisse a Latam, o executivo entende que “isso seria uma decisão financeiramente ruim para o grupo”, acrescentando não existir, da parte da empresa, interesse nessa separação (da Latam em relação ao grupo controlador). Enquanto o processo judicial nos EUA não encerra, o executivo destaca que a Latam poderá celebrar acordos comerciais voltados a compartilhamentos de voos ou outro tipo de parceria que seja de seu interesse.
Exclusividade de negociação – Resultante da união da brasileira TAM com a chilena LAN, em 2011, a Latam possui exclusividade negociação com credores até o próximo dia 15, prazo este sujeito à prorrogação. Caso esta não se confirme, seus credores poderiam definir outro plano, a ser aprovado em assembleia, o que poderá ocorrer entre meados de novembro e dezembro próximos. Na prática, a Azul teria de aguardar sua vez para apresentar proposta de compra.
Cade veta – “A probabilidade de o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovar uma fusão desse porte é baixíssima, próxima de zero, pois a nova empresa teria 70% do mercado doméstico”, atacou Cadier, ao estimar um prazo “de um a dois anos” para a conclusão de um processo dessa natureza.
Sem previsão – Embora não haja previsão para a saída do processo de recuperação judicial, Cadier confia na superação das dificuldades atuais, ao admitir que, dos US$ 2,4 bilhões contratados em empréstimo (tipo DIP), já teriam sido utilizados US$ 1,6 bilhão. “Se precisarmos de mais caixa, ainda temos cerca de US$ 800 milhões à disposição. Isso mostra que estamos queimando menos caixa do que planejado, principalmente, mediante uma oferta bastante linear e equilibrada, além de mudanças fortes e estruturais no grupo”, concluiu.
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