Um deserto no Brasil? Descubra a região que pode sofrer uma drástica mudança climática.

Os moradores da zona rural de Juazeiro–BA estão testemunhando algumas transformações drásticas que cada vez mais afetam a região. O clima, que antes era propício para cultivar mamona e mandioca, conforme as tradições familiares, agora é hostil.

As chuvas, fundamentais para a prática da agricultura, agora são escassas, enquanto o calor é intenso, sugerindo um futuro bastante desafiados. Os moradores enfrentam as consequências desse cenário, em que a ameaça de desertificação paira sobre a terra que cultivam.

Pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) identificaram cinco municípios do nordeste da Bahia como a primeira região de clima árido no Brasil: Rodelas, Juazeiro, Abaré, Chorrochó e Macururé. Uma área que abrange 5,7 mil km².

A pesquisa analisou dados climáticos das últimas seis décadas, destacando mudanças significativas nas condições climáticas.

Mudanças climáticas e desertificação

A mudança do padrão semiárido para árido na região indica uma queda no índice de chuvas, passando de uma média de 800 mm por ano para apenas 500 mm por ano. Esse declínio torna-se insuficiente para compensar a perda de água pela evapotranspiração, combinando evaporação do solo e transpiração das plantas.

A pesquisadora Ana Paula Cunha, do Cemaden, destaca que a região experimenta um aumento significativo de temperatura desde a década de 60, agravando-se nos últimos anos. Esse fenômeno é correlacionado ao aquecimento global, indicando uma relação direta entre o aumento das temperaturas e as mudanças no padrão climático brasileiro.

A desertificação já impacta a produção agrícola, a pecuária e a geração de energia no país. Atualmente, quase metade da água disponível no Brasil é destinada à irrigação, mas a aridização ameaça essas atividades.

Cerca de 85% do semiárido brasileiro enfrenta processos de desertificação, resultando na perda de fertilidade do solo, redução da biodiversidade e êxodo rural.

Adaptação e soluções

Os agricultores locais buscam por alternativas para enfrentar as altas temperaturas e a escassez de chuvas. Cultivar espécies resistentes ao clima árido, como hortaliças e plantas da Caatinga, torna-se uma estratégia vital.

Pesquisadores destacam que soluções para a adaptação climática já existem e precisam ser implementadas urgentemente.

Frente a esse cenário, o Ministério do Meio Ambiente encomendou o estudo do Cemaden e pretende lançar um novo plano de combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca ainda em 2024. O Brasil enfrenta uma encruzilhada climática, e é essencial agir agora para preservar o futuro dessas comunidades e de suas terras.