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“Uma volta ao passado”, dispara Meirelles sobre intervenção de Lula no BC

Ex-presidente da autoridade monetária, nos dois primeiros governos petistas, entende ser melhor “deixar autarquia trabalhar”

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Apontado, pelo então candidato ao Planalto, ao posto de futuro ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, passou logo a desafeto de Lula, muito antes da vitória eleitoral do ex-metalúrgico, no ano passado, por discordar do impacto fiscal decorrente da postura perdulária do mandato petista.

Sobre a insistência presidencial de baixar os juros (taxa básica – Selic) ‘na marra’, o ‘quase’ comandante da economia do governo esquerdista – que presidiu o Banco Central (BC) nos dois primeiros governos lulistas, além de ocupar a Fazenda na gestão Temer – classifica a atitude do mandatário como ‘uma volta ao passado’. “É importante mencionar que ele foi candidato em 1989, 1994 e 1998, defendendo linhas desse tipo”, reforçou.

Sobre o embate presidencial com a autarquia (em relação à Selic, pela redução e, mais recentemente, quanto à meta de inflação, pela ampliação), Meirelles avalia que isso só serve para trazer ‘ruídos e incertezas’ que acabam forçando o “BC a ser um pouco mais duro na sua política monetária”. Na prática, em vez de baixar os juros, a renitência federal “acabaria tendo efeito contrário”, pontua.

A respeito da pressão que o conflito do Planalto x BC exerce sobre a iminente escolha dos próximos diretores do BC, Meirelles admite a ‘prerrogativa legal’ do presidente da República de sugerir nomes ao Senado, aceitando ou não a indicação do BC. Entretanto, o ex-ministro avalia que a questão pendente de tais nomeações ‘cria uma incerteza grande, em todos os agentes econômicos e formadores de preço, tanto no pequeno, quanto junto a médios e grandes empresários’, que ao esperarem aumento da inflação, se antecipam, elevando os preços de forma preventiva.

Questionado pelo sistema ‘Broadcast Estadão’ sobre que sugestão daria ao presidente, Meirelles foi direto. “Deixa o BC trabalhar. É a melhor forma de conseguir que os juros baixem o máximo possível. Quanto mais o BC for visto como capaz de tomar as suas próprias decisões e controlar a inflação, mais caem as expectativas e mais o BC pode cortar a taxa de juros, que é o desejo de todos, inclusive do próprio Banco Central, desde que não cause inflação e seja possível dentro das projeções inflacionárias dos modelos. Em resumo, é um momento de racionalidade. Tem muitas coisas que o presidente pode fazer, áreas em que o Lula pode se dedicar que são muito importantes para o país, tipo a educação, saúde, meio ambiente – e ele está indo bem nesses aspectos”.

Com relação ao desempenho do atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Meirelles observa que ele “está fazendo o papel certo de apaziguador e tirar esse assunto [interferência na politica monetária] de cena. O governo tem muita coisa para discutir, e discutir o BC é improdutivo”.

Sou um profissional de comunicação com especialização em Economia, Política, Meio Ambiente, Ciência & Tecnologia, Educação, Esportes e Polícia, nas quais exerci as funções de editor, repórter, consultor de comunicação e assessor de imprensa, mediante o uso de uma linguagem informativa e fluente que estimule o debate, a reflexão e a consciência social.

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