Lactose e você: Entenda a intolerância que afeta 70% do mundo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um diagnóstico de intolerância à lactose circunstancial, conforme relatado na coluna “Retratos da Vida”, do EXTRA. Com o diagnóstico, o debate sobre a doença veio à tona, já que afeta em algum grau 70% da população mundial.

A intolerância à lactose é caracterizada pela incapacidade do organismo de digerir o açúcar do leite, a lactose, presente em seus derivados líquidos. Em decorrência disso, será necessário que ele ajuste sua dieta.

Esse problema pode ser de origem genética, geralmente quando a deficiência na produção da enzima lactase – responsável por quebrar a lactose em carboidratos menores para facilitar a digestão – já se apresenta na criança ao nascer.

Mas a intolerância pode surgir ao longo da vida em decorrência de doenças intestinais ou do processo natural de envelhecimento, como é o caso do presidente Lula, que tem 77 anos.

Beber bebidas alcoólicas em excesso pode ser um fator que aumenta os riscos das inflamações intestinais, e isso prejudica a produção de lactase.

Como a intolerância à lactose pode ser controlada?

Embora não seja considerada uma doença, a intolerância à lactose é uma condição que pode ser controlada por meio de dieta e medicamentos, conforme informações do Ministério da Saúde. Para auxiliar na digestão, é possível utilizar cápsulas de lactase.

Além disso, a mudança de hábitos alimentares é a opção mais recomendada para evitar o consumo de leite e seus derivados, como queijos, iogurtes e requeijão. Somado a isso, também é recomendável evitar o consumo de açúcares e bebidas alcoólicas, que podem causar inflamação intestinal e prejudicar a digestão da lactose.

O diagnóstico de intolerância à lactose pode ser feito por meio de exames de sangue e análise dos sintomas apresentados pelo paciente. Os sintomas da intolerância à lactose podem aparecer de forma rápida ou após algumas horas da ingestão de alimentos que contenham lactose. São eles:

• dor abdominal;
• diarreia;
• cólica;
• gases;
• náuseas;
• distensão abdominal.

O tratamento pode ajudar a prevenir o surgimento dos sintomas que, embora não sejam graves, podem causar muito desconforto.

Intolerância à lactose afeta 70% da população mundial

De acordo com um levantamento do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), a intolerância à lactose afeta cerca de 70% da população mundial em algum grau.

Pesquisadores do Departamento de Genética da Universidade Federal do Paraná publicaram na revista científica Frontiers in Genetics uma descoberta de que uma variação genética presente em populações negras aumenta a propensão desse grupo de pessoas a desenvolver intolerância à lactose.

Os cientistas examinaram 25 populações de 12 países latino-americanos, focando em negros e quilombolas, a fim de avaliar a presença do alelo responsável pela persistência da lactase, enzima crucial para a digestão do leite e seus derivados.

De acordo com o estudo, a ausência dessa enzima, que já é elevada entre os povos latino-americanos, foi ainda mais sensível nas populações negras e quilombolas.

Diferença da intolerância para a alergia

Vale lembrar que não se deve confundir intolerância à lactose com alergia. Segundo o Ministério da Saúde, a alergia é uma reação imunológica contra as proteínas do leite. A reação é demonstrada no corpo humano após a ingestão de uma porção de leite ou derivado, mesmo sendo apenas um pouco.

A alergia mais comum é a alergia ao leite de vaca, que pode provocar diversos sintomas  no intestino, na pele e no sistema respiratório, como tosse e bronquite, por exemplo.