Lição de casa à beira do fim? Escolas brasileiras repensam a prática!

Se você teve uma educação tradicional, ou seja, frequentou escolas desde o ensino fundamental, é provável que esteja familiarizado com a tradição do dever de casa — também conhecido como “tarefa”, “lição” ou “trabalho”, dependendo da região onde estudou.

Isso ocorre porque muitos educadores defendem essa prática como um estímulo ao envolvimento dos pais na educação da criança, além de ser uma forma de incentivar o desenvolvimento da autonomia e um maior senso de responsabilidade nos estudantes desde cedo.

No entanto, essa prática está cada vez mais próxima de chegar ao fim. Isso se deve à expansão do ensino integral, ao reconhecimento de que cada lar possui uma realidade única e à intenção de tornar o processo de aprendizagem mais interessante, o que gerou uma corrente de educadores em prol dessa mudança.

Fim do dever de casa?

No Brasil, essa discussão é recente, mas em outros países já é uma prática em curso. Em alguns estados norte-americanos — como Califórnia, Nevada, Virgínia e Iowa — a aplicação de deveres de casa foi drasticamente reduzida, levando em consideração que muitos estudantes já trabalham ou precisam cuidar dos irmãos.

Na França, a discussão é ainda mais antiga. Em 2012, o presidente François Hollande sugeriu banir os deveres de casa completamente, argumentando que os alunos que não têm familiares muito presentes não possuem a base necessária para resolver as lições por conta própria.

No entanto, essa medida não foi aceita, mas uma mudança importante ocorreu: foi criado um programa em âmbito nacional para garantir apoio aos estudantes sem uma estrutura familiar presente, em um esforço para diminuir as desigualdades no acesso ao conhecimento, elevando o nível geral dos alunos franceses.

Como está sendo feita a discussão no Brasil?

Como mencionado, o Brasil ainda está na fase inicial dos estudos sobre a abolição ou não dos deveres de casa.

No entanto, nas escolas de ensino integral — que representam 15% das instituições do país —, a adesão a essa proposta é bem mais forte. Isso ocorre porque, com oito horas diárias, é possível concluir as atividades da grade ainda na escola.

A tendência é que cada vez mais alunos sejam matriculados em escolas de ensino integral, impulsionada pelos investimentos do Governo Federal. No mês de abril, por exemplo, foram liberados R$ 4 bilhões para ampliar as vagas nessa modalidade.

Assim, é provável que, aos poucos, o dever de casa deixe de existir e as lições sejam feitas integralmente no ambiente escolar, com o devido apoio.