Saúde
O segredo da longevidade está no sangue?
Estudos recentes analisaram idosos com mais de 100 anos em busca da chave para a longevidade.
Desde a antiguidade, o ser humano sonha em vencer os efeitos do tempo e até mesmo a morte. Não é à toa que algumas mitologias estão repletas de histórias de semideuses e heróis que alcançaram a imortalidade. Talvez o mais famoso deles seja o mito de Hércules, que conta como o guerreiro obteve um lugar ao lado dos deuses do Olimpo.
No entanto, mais do que uma simples aspiração utópica, o tema longevidade é um destaque constante em revistas científicas, e estudos onerosos são conduzidos ao redor do mundo. De acordo com uma pesquisa feita por acadêmicos do Instituto de Medicina Ambiental, Karolinska Institutet, o segredo para tal pode estar no nosso sangue.
A organização está localizada na Suécia, e todo o trabalho foi desenvolvido em parceria com o Centro Nacional Cerebral e Cardiovascular do Japão. Esse país é amplamente conhecido pela alta porcentagem de cidadãos idosos, muitos dos quais chegam a idades centenárias.
Entendendo melhor a descoberta
Ainda falando sobre o território japonês, nessa parte do mundo, os indivíduos centenários apresentam os percentuais mais baixos de açúcar no sangue, se comparados aos seus semelhantes que vivem menos. Além disso, as funções renais e hepáticas desse público também se mostraram mais saudáveis.
Em contrapartida, os idosos japoneses que já ultrapassaram os 100 anos apresentaram níveis maiores de colesterol e ferro. A explicação para isso é que essa marca pode ser resultado da ingestão de álcool e da alimentação, ou seja, são fatores de estilo de vida.
Para obter um resultado satisfatório, os especialistas analisaram amostras oriundas de 44 mil voluntários com idade superior a 60 anos, sendo que centenas deles já eram centenários. Dessa forma, foi possível identificar 12 biomarcadores associados à mortalidade de idosos. Vejamos:
- Creatinina, uma medida da função renal.
- Colesterol total e açúcar no sangue.
- Marcadores do metabolismo.
- Ácido úrico, um marcador de inflamação.
- Albumina, uma proteína que sinaliza doenças hepáticas ou renais.
- Ferro, ligado à anemia.
De acordo com o estudo, apenas 2% das pessoas com um colesterol total de 5,2 mmol/L (93,6 mg/dL) ou menos viveram até os 100 anos, em comparação com 3% daquelas que possuíam 7,2 mmol/L (129,6 mg/dL) ou mais.
Não foram detectadas distinções nos quesitos de função hepática, anemia, inflamação, ácido úrico, ferro e ASAT nos centenários. Inclusive, uma pesquisa anterior alegava que a albumina era um fator que concedia mais chances de alcançar longevidade, mas o levantamento atual demonstrou que isso pode estar incorreto.
“Embora o acaso provavelmente desempenhe um papel para atingir a idade de 100 anos, as diferenças nos valores dos biomarcadores mais de uma década antes da morte sugerem que fatores genéticos e/ou de estilo de vida, refletidos nesses níveis de biomarcadores, também podem ser fundamentais para uma longevidade excepcional”, escrevem os autores no artigo.
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