Agronegócio
Risco de extinção: o mogno brasileiro e os desafios para sua preservação ambiental
Descubra os desafios enfrentados pelo mogno-brasileiro, árvore icônica na produção de móveis e instrumentos musicais. Saiba como ameaças como superexploração e infestações impactam a espécie e veja alternativas.
O mogno, conhecido por sua estabilidade, durabilidade e beleza, tem sido uma das madeiras mais valorizadas no mercado de móveis e na fabricação de instrumentos musicais luxuosos.
A espécie, cientificamente denominada Swietenia macrophylla King, popularmente chamada de mogno-brasileiro, é nativa da Amazônia, com ampla distribuição geográfica que se estende do México ao Brasil.
No entanto, a deslumbrante trajetória do mogno-brasileiro está ameaçada. A qualidade excepcional dessa madeira tornou-a alvo de superexploração, resultando no corte massivo das árvores e colocando em risco não apenas o mogno, mas diversas outras espécies.
Julie Dutilh, doutora em Biologia Vegetal pela UNICAMP, destacou ao G1 que esse cenário preocupante é agravado por infestações da lagarta broca-das-meliáceas (Hypsipyla grandella) e pela extração clandestina, levando o mogno-brasileiro a ser classificado como vulnerável (VU) e a figurar na lista de espécies ameaçadas de extinção do ICMBIO.
O declínio do mogno e as medidas de proteção
Segundo o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), a população do mogno-brasileiro reduziu-se em pelo menos 30% nas últimas três gerações, um declínio alarmante atribuído principalmente às elevadas taxas de desmatamento na Amazônia.
Para conter essa perda, o Ibama suspendeu, em outubro de 2001, a exploração, o transporte e a comercialização da espécie por meio de Instrução Normativa.
Mesmo sendo uma espécie de rápido crescimento, atingindo quatro metros aos dois anos e podendo chegar a até 25 metros, o mogno-brasileiro enfrenta sérios desafios.
O mestre em biologia vegetal pela UNICAMP, Thiago Flores, destacou também ao G1 que a espécie tem seu cultivo e comercialização proibidos, mas algumas empresas têm buscado alternativas, como o mogno-africano (Khaya spp.).
A alternativa do mogno-africano: uma solução ou novo desafio?
Diante das restrições ao mogno-brasileiro, o mogno-africano surge como uma alternativa para atender à demanda do mercado.
Essa espécie, além de ser cultivada no Brasil, possui resistência superior à broca-das-meliáceas. Contudo, Thiago Flores alerta que, apesar das promessas de retorno comercial, o manejo florestal e o melhoramento genético ainda são incipientes se comparados a culturas consolidadas como pinus e eucalipto.
A transição para o mogno-africano levanta questões sobre a sustentabilidade e a preservação do ecossistema. O desafio reside em equilibrar a demanda por madeira nobre com a responsabilidade ambiental, promovendo práticas de manejo florestal e pesquisas que garantam a longevidade dessas espécies.
Em um cenário onde a beleza e a funcionalidade do mogno-brasileiro estão sob ameaça, é essencial buscar soluções que não apenas preservem a qualidade desse recurso natural, mas também assegurem a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas nos quais essas árvores majestosas habitam.
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