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Política

Mais de 200 cidades contam com apenas um candidato à prefeitura

Nesse caso, as eleições ocorrem de modo normal, e os candidatos não enfrentam concorrência.

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As eleições municipais no Brasil estão chegando e são um momento importante para a democracia, em que a população tem a oportunidade de escolher seus representantes.

No entanto, algumas cidades passarão por uma situação inusitada nas eleições de 2024: a presença de apenas um candidato à prefeitura.

Segundo o levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 214 cidades brasileiras se encontram nessa condição, um número que marca um aumento significativo em relação a anos anteriores.

Um cenário sem conflitos

Com a presença de apenas um candidato, a dinâmica das eleições muda drasticamente. Não haverá campanhas acirradas, debates entre adversários ou a troca de acusações que frequentemente marca o período eleitoral.

Essa realidade é inédita em muitas localidades e reflete uma série de fatores que contribuíram para a diminuição do número de candidatos.

Comparado a 2020, quando 107 cidades também enfrentaram essa situação, o número de municípios com apenas um candidato dobrou, sinalizando uma tendência preocupante na concorrência eleitoral.

Além disso, o levantamento mostra uma redução no número total de candidatos às prefeituras, que caiu de 19.379 em 2020 para 15.441 em 2024, representando uma diminuição de 20,3%.

Um dos estados com a maior incidência de cidades com apenas um candidato é o Rio Grande do Sul, onde 43 cidades só terão um concorrente.

Eleições Municipais de 2024 vão acontecer no dia 6 de outubro. Nos locais onde houver 2º turno, este ocorre em 27 de outubro – Imagem: reprodução

Perfil dos candidatos únicos

O estudo da CNM revela que, em média, as cidades com apenas um candidato têm cerca de 6,7 mil habitantes, variando de Borá, em São Paulo, com apenas 907 habitantes, até Batatais, também em São Paulo, com uma população de 58.402 residentes. É interessante observar que, entre os candidatos únicos, cerca de 47% estão concorrendo à reeleição.

Em termos de perfil, a pesquisa aponta que os candidatos únicos tendem a ser predominantemente homens, brancos, casados, com um grau de escolaridade menor e em faixa etária mais jovem em comparação com o perfil geral dos candidatos a prefeito.

Tais características podem influenciar a forma como a administração municipal será conduzida, dado que um perfil mais homogêneo pode levar a uma representação limitada de diferentes vozes e interesses da comunidade.

É importante entender que, de acordo com a legislação brasileira, não há um número mínimo de candidatos necessários para a realização de uma eleição.

Desde que um candidato esteja filiado a um partido político e tenha sua candidatura registrada na Justiça Eleitoral, ele pode concorrer e ser eleito. Para que isso ocorra, ele precisa receber a maioria dos votos válidos, excluindo os brancos e nulos.

Por isso, nas cidades com um único candidato, basta que ele receba apenas um voto válido para ser eleito.

O sistema eleitoral brasileiro exige a participação do eleitor, que, entre 18 e 70 anos, é obrigado a votar. A ausência injustificada no dia da eleição pode acarretar multas e restrições para assumir cargos públicos ou prestar concursos.

A presença de apenas um candidato em diversas cidades brasileiras levanta questões importantes sobre a saúde da democracia local.

Enquanto a estabilidade pode ser vista como um benefício em algumas situações, a falta de diversidade nas candidaturas consegue resultar em uma governança menos representativa e inclusiva.

Assim, é fundamental que a sociedade civil e os partidos políticos reflitam sobre como fomentar a participação política e incentivar uma concorrência saudável em futuras eleições.

As eleições municipais de 2024, portanto, se apresentam como uma oportunidade não apenas para escolher prefeitos, mas também para reavaliar o estado atual da democracia local e buscar formas de incentivar um ambiente eleitoral mais vibrante e competitivo.

Formada produtora editorial e roteirista de audiovisual, escrevo artigos sobre cultura pop, games, esports e tecnologia, além de poesias, contos e romances. Mãe de três curumins, dois cachorros e uma gata, também atuo ativamente em prol à causa indígena no Brasil.

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