Economia
FGTS: o que fazer com a grana liberada? Guardar, investir ou pagar dívidas?
Quantia pode ser usada para quitar dívidas, construir reserva de emergências ou investir.
O ano de 2020 foi atípico em muitos setores da sociedade, inclusive na economia. Para mitigar a crise causada pelo novo coronavírus, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) ganhou novas modalidades de saque, incluindo o FGTS emergencial, que dá direito a até R$ 1.045 para qualquer pessoa com conta no Fundo.
Além disso, os contribuintes também contam com a opção de saque-aniversário, que garante ao trabalhador o direito de retirar um valor anual da conta, no mês de nascimento.
Como qualquer trabalhador com conta FGTS pode fazer o saque emergencial, há pessoas com diferentes situações financeiras tendo acesso a esta quantia. Portanto, a melhor maneira de usar esse valor vai depender do contexto de cada um.
FGTS para quitar dívidas
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, feita pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o percentual de famílias endividadas atingiu recorde histórico de 67,1% em junho, em meio à pandemia da Covid-19. Este foi o número mais alto desde janeiro de 2010, indicando o impacto da crise nos lares brasileiros.
Nesse sentido, o FGTS emergencial deve ser usado para quitar os débitos de cidadãos que se encaixam na estatística apresentada. Afinal, as dívidas possuem juros, fazendo com que o valor fique mais alto a cada dia que passa.
Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 15,9% dos débitos está entre R$ 500 e R$ 2.500. Isso significa que, para mais de 46 milhões de pessoas, o valor disponibilizado para saque do FGTS pode cobrir uma parte das dívidas.
Os contribuintes devem começar listando o valor atual de cada débito, quais as taxas de juros e de quando elas são. O ideal é dar prioridade àquelas com as maiores tarifas, como as do cartão de crédito e cheque especial, e as que venceram há muito tempo.
O hábito de negociar também é importante. Caso não seja possível quitar tudo, busque entrar em contato com instituição financeira ou empresa para tentar renegociar os valores em atraso com a quantia disponível. Vale ressaltar que o pagamento de dívidas faz com que o nome do consumidor seja retirado dos órgãos de proteção ao crédito.
Portanto, o ato de quitar os débitos contribui para uma boa saúde financeira, visto que um “nome limpo” está diretamente relacionado com poder de compra e possibilidades econômicas, como solicitar cartões de crédito ou empréstimo.
FGTS para economizar
Para quem não precisa lidar com dívidas, é válido utilizar a quantia para começar (ou aumentar) uma reserva de emergência, ou seja, aquele valor que fica separado para eventuais imprevistos, como desemprego, urgências de saúde, etc.
Evite deixar o dinheiro parado na conta corrente, afinal o dinheiro não rende. Busque guardar essa quantia em uma conta que ofereça ganhos maiores.
No entanto, é importante ter cautela: a reserva de emergência precisar estar disponível facilmente, já que não é possível prever os momentos de crise. Por isso, dê preferência para contas com liquidez diária, ou seja, aquelas que permitem retirada de valores a qualquer momento e sem perder rendimentos.
FGTS para investir
Agora, caso você não tenha dívidas e já conte com uma reserva de emergência, investir o valor sacado é uma alternativa. Neste caso, o importante é pensar se é vantajoso tirar a quantia do FGTS e aplicá-la em um investimento. O dinheiro vai render mais?
Atualmente, o valor parado no Fundo de Garantia rende 4,90% ao ano, mas não há liquidez. Isso significa que existe rentabilidade, mas o trabalhador só vai acessar essa quantia em situações muito específicas. Assim, pode ser melhor investir em algum ativo.
Vale ressaltar que cada tipo de aplicação tem seus riscos, rendimentos e prazos. Os produtos podem ser divididos em dois tipos: renda fixa e renda variável.
Na renda fixa, o rendimento da aplicação é determinado desde o início. Entre os mais conhecidos estão Tesouro Direto, Certificado de Depósito Bancário (CBD) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Esses investimentos se dividem em dois tipos:
- Prefixados, ou seja, em que é possível saber qual o retorno ao final da aplicação;
- Pós-fixados, quando o rendimento é atrelado a algum índice econômico e pode oscilar.
Os investimentos de renda variável, por sua vez, possuem retorno que se altera conforme o tempo, ou seja, a rentabilidade sofre variações. Isso significa que os riscos são maiores, mas os retornos também podem ser.
Portanto, busque identificar seu perfil de investidor para saber qual a melhor decisão.
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