Investimentos
Especialistas dão dicas de investimentos que ganham da inflação
No último Boletim Focus do BC, economistas projetaram que taxa Selic termine 2021 em 3,25% ao ano, exigindo diversificação de aplicações.
A projeção dos especialistas é de que o mundo dos investimentos em 2021 seja parecido com o segundo semestre de 2020. O foco deve ser para a alta da inflação e taxa de juros baixa, que influenciam na vida dos cidadãos. No ano passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 4,52%, ficando superior a poupança e aos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs).
A taxa básica de juros, Selic, iniciou 2020 em 4,5% e fechou o ano na mínima histórica de 2% ao ano. Por conta disso, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), índice referência para investimentos que consideram a Selic, ficou entre 4,4% e 1,9%. Assim, as aplicações renderam menos que o crescimento dos preços, apresentando juro real negativo.
Na última reunião, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deixou para trás a manutenção do juro em 2% ao ano. De acordo com Boletim Focus do Banco Central (BC), economistas já aguardam que a Selic feche 2021 em 3,25% ao ano.
Dessa forma, para vencer da inflação em 2021, a estimativa é que o IPCA esteja em quase 3,45%. No entanto, alguns especialistas acreditam em um crescimento maior com a recuperação do setor de serviços, diante da vacinação. Já a previsão do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) é de aproximadamente 5%, sendo necessária a diversificação dos investimentos.
Recomendações dos especialistas
A princípio, é preciso lembrar da reserva de emergência, proporcional a despesas mensais de 6 a 12 meses, a depender do tipo de trabalho. Esses recursos devem ser alocados para uma aplicação de renda fixa com liquidez diária, sendo o Tesouro Selic e investimentos atrelados ao CDI algumas opções. “Mais do que nunca é preciso se planejar e tomar nota das despesas e das receitas”, ressalta o conselheiro da Planejar, Jayme Carvalho.
Outro passo é promover o rendimento do capital acima da alta dos preços. Títulos associados à inflação, como o Tesouro IPCA, são considerados fundamentais pelos especialistas. O mercado também possui fundos e títulos de dívida com rentabilidade atrelada ao IPCA ou IGP-M.
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Fundos Imobiliários (FIIs) são alternativas de renda variável. Comprar dólar também pode ser alternativa frente à inflação. “No momento atual da economia, a pessoa precisa ter uma parcela do investimento em ativos que se comportam de forma diferente que Bolsa e renda fixa e trazem proteção para a carteira, como o dólar e o ouro”, destaca Carvalho.
É importante diversificar o portfólio, tanto com investimentos de rendas fixa e variável quanto com pluralidade de ativos. De acordo com o especialista, o melhor modo de um investidor não profissional fazer isso e aumentar os ganhos é com carteiras recomendadas por corretoras ou bancos, ou até mesmo por fundos. “É difícil responder as questões ‘comprar quanto?’, ‘Subiu o que eu faço?’, ‘Caiu, o que eu faço?’ Não existe receita, a receita é móvel e as carteiras precisam ser constantemente recalibradas”, argumenta.
Já para os investidores com predisposição a riscos e que aplicam os recursos na Bolsa de Valores, os analistas recomendam ações voltadas a serviços com reajustes associados à inflação. São exemplos as concessionárias de água e energia, produtoras de alimentos e empresas de planos de saúde.
Outra dica é para que sejam aplicados recursos em papéis que pendem a se valorizar na possível retomada das atividades, com a difusão da vacina e a queda nos casos de Covid-19. O economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, menciona as empresas aéreas, de turismo e varejistas.
Outras oportunidades positivas podem ser nas ações do Bradesco e Banco do Brasil. Porém, o mercado financeiro não é unânime na opinião. “Eles têm menos espaço para crescer, pelo momento econômico e pela crescente concorrência”, destaca o presidente da Veedha Investimentos, Rodrigo Marcatti.
Além desses, existem os papéis atrelados às matérias-primas em alta e tecnologia. Por isso, a recomendação em investir fora do país, por meio de Brazilian Depositary Receipt (BDR). Marcatti também lembra que as criptomoedas voltaram a chamar atenção, mas é indicado manter um percentual reduzido da carteira em moedas digitais, algo entre 1% a 3%.
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