O que é short squeeze? Entenda o movimento que inflou ações da GameStop

A GameStop é uma empresa varejista do segmento de jogos. Fundada em 1984, a companhia tinha um modelo de negócios considerado desatualizado, o que a tornava alvo da desconfiança na bolsa de Wall Street. Isso porque, em plena era de jogos online, a empresa continuava insistindo em vendas físicas, resultando em números fracos de vendas nos últimos anos.

Sendo assim, as ações da GameShop eram negociadas a valores mais baixos na bolsa. No entanto, há pouco menos de um mês, o cenário mudou completamente, e os papeis, que valiam US$ 19,06 saltaram para R$ 147,98. Mas afinal, o que explica essa mudança tão repentina?

Trata-se de um movimento chamado short squeeze. A manobra consiste em alugar um número de ações de determinado investidor, vendê-las para um terceiro investidor pelo valor da cotação vigente e, após a queda dos preço dos papéis, recomprar as ações e devolvê-las ao investidor que as alugou. Assim, o investidor ganha com a baixa daquele ativo.

Em resumo, trata-se de “apostar contra” uma ação, esperando que seu valor caia. No entanto, o que aconteceu com a GameStop foi justamente o contrário, ou seja, as ações tiveram uma valorização de 676%.

A alta foi puxada por investidores pessoas físicas que se organizaram pela internet. Com o aumento da demanda, o preço subiu, e os fundos de hedge, que são os grandes investidores que apostavam na queda das ações, ficaram no prejuízo, tendo que comprar as ações de volta antes que o rombo se tornasse ainda maior.

“Quando o preço começou a subir muito, o investidor que havia alugado suas ações começou a pedir elas de volta, e quem havia montado as posições vendidas precisou recomprar os ativos, que agora estavam muito mais caros, para devolvê-los aos donos – o short squeeze”, explicou Will Castro, sócio da corretora de valores Avenue, para o Estadão.

A liquidez das ações da varejista de jogos também contribuiu para a super valorização das ações. “Tinham posições vendidas muito elevadas, com milhões de ações, por exemplo. Um número muito maior do que o volume de negociação diário do papel. […] Então é difícil recomprar tudo isso de ação”, ressaltou Castro.