Ações, Units e ETF's
Paraísos de Guedes e Neto; Opep+ e Precatórios já! pautam Ibovespa
Contas milionárias de autoridades; oferta adicional de petróleo e ordem do Supremo pesam em cotações
Quando o país começa a acreditar que a política vai, finalmente, seguir a economia, ocorre justamente o contrário. É o que se pode depreender do imbróglio milionário, em dólar, é claro, agora envolvendo as duas maiores autoridades econômicas do país, o ministro Paulo Guedes – e sua offshore ‘Dreadnoughts International’ de US$ 9,55 milhões (R$ 51,5 milhões) aberta há sete anos, conforme reportagem publicada pela revista Piauí, com base em investigação cunhada de ‘Pandora Papers’ – assim como o atual presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Ilhas Virgens – A publicação também reporta o fato de Neto, possuir, até o segundo semestre do ano passado (2S20) uma conta offshore no valor de US$ 1,09 milhão, nas Ilhas Virgens Britânicas. Neto está no posto desde fevereiro de 2019. No mesmo local, ele manteve, de 2007 a 2016, uma empresa no paraíso fiscal.
Entendimento legal – Embora Guedes, por meio de sua assessoria no Ministério da Economia, argumente que, antes mesmo de sua posse, “toda sua atuação privada foi devidamente declarada à Receita Federal e aos demais órgãos competentes, o que inclui a sua participação societária na empresa mencionada”, o entendimento legal é bem diferente.
Pena de demissão – Logo em seu primeiro inciso, a lei nº 8.027 (12.04.1990) – que dispõe sobre faltas administrativas, puníveis com a pena de demissão, a bem do serviço público – aponta o caso de “valer-se, ou permitir dolosamente que terceiros tirem proveito de informação, prestígio ou influência, obtidos em função do cargo, para lograr, direta ou indiretamente, proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública”, o que incluiria investimentos de renda variável ou em commodities, contratos futuros e moedas para fim especulativo.
Off-shores ‘declaradas’ – Neto, por sua vez, se limitou a explicar que as duas offshores em seu nome “estão declaradas à Receita Federal e foram constituídas há mais de 14 anos com rendimentos obtidos ao longo de 22 anos de trabalho no mercado financeiro, decorrentes, inclusive, de atuação em funções executivas no exterior”. Ele acrescenta não ter havido “remessa de lucros após minha nomeação para função pública”, para arrematar que “desde então, por questões de compliance, não faço investimentos com recursos das empresas”, alegou.
Informação privilegiada – Em ambos os casos, se aplica a falta de ética, em razão da possibilidade de “lançar mão de informação privilegiada ou exercer tráfico de influência, devido à posição que ocupa, para manter um investimento no exterior”, ato cuja repercussão política explosiva já está sendo precificada pelo mercado e na agenda econômica no Parlamento, enquanto mais de 12 milhões de brasileiros se desesperam por obter ‘um’ trabalho, pelo menos.
Projeto do ICIJ – O material jornalístico divulgado pela Piauí tem origem no projeto elaborado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), com base em 11,9 milhões de documentos sobre companhias sediadas em paraísos fiscais.
Não viral – ‘Jogando no colo’ do Judiciário o dano político do pagamento imediato dos precatórios, como determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Paulo Guedes afirmou, em tom demagógico, que o país “vai ter que fazer uma escolha entre ajudar ‘vulneráveis’ ou pagar os precatórios imediatamente”, enquanto ‘estende o pires’ na direção ao Congresso, “para viabilizar o reforço do Bolsa Família (via PEC dos Precatórios e reforma do Imposto de Renda)”, até porque, até agora, o termo Auxílio Brasil ainda não viralizou na Esplanada.
Crise hídrica? – Na economia real, o principal foco de atenção do mercado passou a ser, além de juros, inflação e PIB – retratados hoje (4) pelo Boletim Focus do Banco Central (BC) – é o risco de racionamento de energia, devido à crise hídrica que se agrava a cada dia. Ao longo da semana, o Focus deverá trazer novas informações sobre a trajetória da inflação, com nova parcial do IPCA, como também dados sobre o desempenho do varejo e da indústria nacionais.
Mais petróleo – A segunda começa com índices futuros ianques em queda, como reflexo da tensão do mercado, antes de nova reunião da Opep+ – que reúne os maiores produtores mundiais de petróleo e a Rússia – que deverá ampliar, além dos 400 mil barris/dia previstos, a oferta mundial da commodity,
‘Pistas’ do Fed – Outra tarefa árdua do mercado é encontrar ‘novas pistas’ quanto ao ritmo de redução das compras bilionárias mensais (US$ 120 bilhões) pelo Federal Reserve (banco central estadunidense), a título de manter a liquidez na maior economia mundial, sem contar a pressão crescente dos custos de energia e da inflação, por consequência.
Shutdown – Também permanece no radar do investidor os próximos passos que serão dados pelo governo de Pequim para superar a crise mundial deflagrada pela pré-falida Evergrande, às voltas com dívidas de US$ 120 bilhões, cuja negociação dos papéis foi suspensa hoje (4). O risco de shutdown, ou moratória por inadimplência da Casa Branca de Joe Biden – que negocia com seu congresso uma elevação de seu teto de gastos – também frequenta o noticiário global.
Ásia mista – Como de costume, os índices das bolsas asiáticas apresentaram, nessa segunda (4) desempenhos mistos, a exemplo do Hang Seng, de Hong Kong, que recuou 2,9% ao voltar do feriado local e o Nikkei japonês caiu 1,13%.
Europa cai – Na Europa, o stoxx 600 – composto pelas ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus – está negativo em 0,3%, puxado pela performance adversa para papéis de bancos e do setor automotivo, mas positiva para papéis do setor de saúde.
Principais indicadores
Estados Unidos
*Dow Jones Futuro (EUA), -0,27%
*S&P 500 Futuro (EUA), -0,32%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,44%
Europa
*FTSE 100 (Reino Unido), +0,16%
*Dax (Alemanha), +0,04%
*CAC 40 (França), +0,14%
*FTSE MIB (Itália), +0,01%
Ásia
*Nikkei (Japão), -1,13% (fechado)
*Shanghai SE (China), +0,9% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -2,19% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), (não abriu)
Commodities e Bitcoin
*Petróleo WTI, +0,13%, a US$ 75,98 o barril
*Petróleo Brent, +0,21%, a US$ 79,44 o barril
*Bitcoin, -0,59% a US$ 47.603,07
*Sobre o minério: **O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian fechou em alta de 5,41%, a 721,5 iuanes, o equivalente a US$ 111,92.
USD/CNY = 6,45
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