Economia
Investidor luta para trocar BDRs por ações da XP na Nasdaq
Além de tributados, certificados oferecem baixíssima liquidez ao mercado
Após a cisão, a dificuldade. É essa a situação enfrentada pelos investidores do Itaú (ITUB3 e ITUB4) para para efetuar a troca de Brazilian Depositary Receipts (BDRs) da XP por ações da corretora na Nasdaq, maior bolsa mundial de tecnologia, nos Estados Unidos.
Troca difícil – Informe da B3 reconhece haver problemas para o cancelamento dos BDRs e sua posterior troca por ações da XP na bolsa americana, em especial, por parte de clientes das corretoras Rico e Clear. Embora sejam papéis certificados de empresas listadas em bolsas estrangeiras, negociados na B3, os BDRs não possuem proteção contra a variação cambial.
Tributação pesada – A motivação para conversão em ações em BDRs é que, enquanto estes são tributados em 15% sobre ganhos de capital, o investimento em papéis estrangeiros é isento até o montante de R$ 35 mil. Desse modo, seriam trocados certificados da XP (XPBR31) por ações da companhia listadas na Nasdaq (XP).
Burocracia lá – A despeito da premissa de que “a conversão (de BDRs em ações) pode ser realizada a qualquer momento”, como prevê o documento “Como Lançar um Programa de BDRs”, elaborado pela B3, na verdade, para concluí-la, o investidor precisaria ter uma conta de investimentos no exterior – onde as ações listadas na bolsa americana serão depositadas – para então preencher dados de um formulário com alguns dados e entrega-lo à sua corretora. Esta, por sua vez, é que faria efetivamente a conversão dos papéis, junto à instituição financeira responsável, nos EUA.
No mesmo dia – Desde que não haja erros no preenchimento do documento, nem seja feriado, as ações americanas passariam a ser disponibilizadas em D+0, isto é, no mesmo dia da solicitação. No entanto, investidores de varejo e institucionais das corretoras brasileiras Clear e Rico, sob anonimato, admitiram problemas concretos, como a ‘indisponibilidade’ de formulários ou um suposto pedido de suspensão da operação, pela bolsa brasileira.
Solicitação alguma – Em resposta, a B3 afirmou não ter recebido solicitação alguma de cancelamento dos recibos e troca por ações. Lacônica, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) soltou nota, esclarecendo que “as condições que regulam a relação das depositárias junto aos investidores estão contidas nos descritivos operacionais dos BDRs’.
‘Tudo azul’ – Banco depositário dos recibos da XP, o Itaú sustentou “não ter ocorrido nenhuma instabilidade nos processos de cancelamento de BDRs, nem ter sido comunicada (a instituição) quanto a problemas em outras instâncias envolvidas na conversão”.
Despreparo óbvio – Para analistas, o episódio revela falta de preparo do mercado para ‘lidar com os BDRs’, certificados que possuem baixíssima liquidez, a despeito do grande volume apresentado no ano passado, quando a CVM franqueou o acesso a esses ativos, por parte de 500 mil investidores Pessoa Física. Mesmo que haja negociação, a avaliação predominante entre especialistas é de que não há infraestrutura que lhe dê sustentação.
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