Selic; balanços e precatórios movimentam Ibovespa da quarta

Com o Ibovespa futuro operando próximo da estabilidade (juros, com vencimento em dezembro de 2021, avançavam 0,3% a 107.810 pontos) nessa quarta-feira (27), o investidor avalia a possibilidade de o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) aumentar, em até 1,5 ponto percentual a taxa Selic (básica de juros), por conta da inflação de dois dígitos o IPCA-15, (acumulada em 12 meses), referente a esse outubro. Se o reajuste se confirmar, a Selic poderia passar, dos atuais 6,25% ao ano para 7,75% ao ano.

Impacto sobre os negócios – Em consequência, a alta dos juros prejudica os negócios em bolsa, uma vez que encarece o custo de capital, em especial, para as empresas em período de expansão. Ao mesmo tempo, caso o BC aplique um reajuste moderado à Selic, isso poderá ser interpretado pelo mercado como ‘descontrole sobre a inflação’, o que poderia descambar em maior aversão a investimentos de riscos, em favor da previsível renda fixa, que acenaria com rendimentos mais atrativos.

Tarefa complexa – Na avaliação de especialistas, o efeito duplo de inflação global e alteração abrupta das regras fiscais pelo governo torna ‘muito mais complexa’ a tarefa da autoridade monetária de ‘trazer’ a inflação para a meta. Relatório da XP considera provável que o Copom acelere o ritmo de aperto monetário, ou seja, o aumento dos juros.

Programa acalentado – Outro foco de tensão do mercado é a votação, às 14h, pelo Plenário da Câmara dos Deputados, da PEC dos Precatórios, cujo texto limita o pagamento dessas dívidas judiciais contra a União, como forma de abrir espaço orçamentário para viabilizar o acalentado programa social-eleitoreiro Auxílio Brasil, conforme defende o ministro Paulo Guedes, investidor offshore isento.

Boa temporada – Embora esteja muito ‘colada’ no intrincado contexto macroeconômico e político, a bolsa brasileira poderá, em algum momento, refletir a boa temporada de resultados trimestrais das empresas, como senha para sua recuperação. No caso tupiniquim, é a vez do Santander, Gerdau, WEG, Marfrig, Klabin, Banco Inter, Romi e Cesp mostrarem seus números.

Balanços no azul – Nos EUA, permanece no azul a temporada de balanços relativos ao terceiro trimestre do ano (3T21), a exemplo dos números, acima do esperado, exibidos pelas gigantes Coca-Cola e McDonalds, assim como das megacorporações Microsoft e Alphabet (dona do Google), que também apresentaram dados positivos.

Futuro positivo – Assim como no Brasil, os índices futuros ianques igualmente operam na estabilidade, mas com viés positivo, tendo em vista a ligeira alta do Dow Jones futuro (+0,07%), em contraste com a queda de 0,04% do S&P 500 futuro, e o recuo de 0,1% do Nasdaq futuro.

Europa recua – Na mesma toada, o índice Stoxx 600 europeu – formado pelas ações de 600 empresas dos principais setores, de 17 países europeus – recuava 0,27%, nessa manhã (27), puxado pelo desempenho negativo das empresas de mineração.

Ásia também – Ao mesmo tempo, na Ásia, as bolsas locais tiveram, em sua maioria, quedas, sob influência da performance negativa de ações de tecnologia chinesas listadas em Hong Kong – recuos da  Tencent (2,99%); Alibaba (2,95%) e Meituan (5,09%).

Commodities em baixa – No terreno das commodities, o petróleo tipo brent – que serve de referência mundial – com vencimento em dezembro próximo recuava 1,2% a US$ 85,36 o barril, ao passo que o WTI, de mesmo vencimento caía 1,28% a US$ 83,59 por barril. Já o minério de ferro tinha baixa de 2% a US$ 119,86, em Qingdao, na China.