Economia
Brasil fica na ‘lanterna’ da preferência do investidor por emergentes
‘Alta volatilidade’ do mercado de capitais brasileiro é um dos fatores decisivos da rejeição, aponta estudo do JPMorgan
O apetite pelos países emergentes terminou, mas é menor em relação ao Brasil. A conclusão nada animadora faz parte de estudo elaborado pelo JPMorgan, segundo o qual o investidor tem preferido direcionar seus recursos para outros mercados, que não o do Brasil, que pontua hoje a ‘lanterna’, ou seja, o menor patamar de ‘entusiasmo’ entre seus pares.
Mudança de atitude – É o que informou – em evento promovido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) – a economista-chefe da instituição no Brasil, Cassiana Fernandes, para quem, o cerne dessa mudança de atitude, se dá por conta “da alta volatilidade de seu mercado doméstico”.
Balanços favoráveis – Sinal dessa tendência regressiva, no mesmo momento em que grandes empresas de tecnologia estadunidenses apresentavam balanços favoráveis, o interesse pelo emergente tupiniquim arrefeceu. “O investidor dos Estados Unidos e da Europa está mais dedicado aos seus países”, admite Cassiana.
Cenário desafiador – Um cenário mundial de inflação em elevação será especialmente desafiador para os emergentes, assinala a economista-chefe da Claritas, Marcela Rocha, para quem a combinação de inflação alta com fraco crescimento produz o que chamou de ‘arcabouço perigoso’ para o segmento emergente.
Sem espaço fiscal – “Como não há espaço para políticas fiscais, resta aos emergentes recorrerem aos juros elevados para conter a inflação. O problema é que a deterioração econômica desse segmento de países acaba fazendo com que estes sejam relegados ao segundo plano de investimentos, por parte de governos e corporações”, acentua Marcela.
‘Ótica dos fundamentos’ – Por outro lado, Cassiana lembra que, em “condições normais”, a precificação dos ativos nacionais indicaria retornos expressivos, seja na renda fixa, quanto na variável, uma vez, prossegue ela, o real situa-se bem abaixo do valor justo da moeda, se considerada a ‘ótica dos fundamentos’.
Primeira vez – Outro registro preocupante, acrescenta a economista-chefe da instituição, ao admitir que “pela primeira vez, desde 2016, precisamos responder novamente perguntas sobre a solvência do Brasil”.
Qual é? – Confiança e previsibilidade é o que importa para o pragmático investidor estrangeiro da atualidade, comenta Marcela, ao acrescentar que “os investidores estão perguntando ‘qual é o novo regime fiscal do Brasil?’”. Para a executiva, “ainda falta clareza quanto à postura do Executivo com relação à adoção do novo modelo fiscal do país, o que pode aumentar, ou não, o interesse por ativos brasileiros”.
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