Ações, Units e ETF's
Cenário econômico adverso determinou recuo de IPOs em 2021
Lançamentos começaram a minguar a partir de agosto, quando se acentuou a crise política
A deterioração do quadro político e fiscal foi determinante para reverter o movimento vigoroso de novas ofertas iniciais de ações (IPO) na B3, que somaram 41 novos nos primeiros sete meses deste ano, dos quais 12 somente em julho último. No entanto, no mês seguinte, a trajetória ascendente foi bruscamente interrompida, quando apenas quatro novas IPOs foram registradas – Raizen (RAIZ4), Viveo (VVEO3), Oncoclínicas do Brasil (ONCO3) e Kora (KRSA3).
Estreante na B3 – Já em setembro, a Vittia Fertilizantes (VITT3) foi a única estreante na B3, para oferta alguma registrada em outubro último. Ainda assim, o avanço de 2021 é quase sete vezes superior à mediana dos últimos cinco anos, de apenas seis novos IPOs por exercício.
Mais desistências – Contado até a última sexta-feira (5), o número de desistências de IPOs (55) já supera o de IPOs realizadas no ano (45), segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao informar que o ‘clima de otimismo’ se limitou ao período de janeiro a junho, quando a bolsa brasileira apurou alta de 7%, alçando o patamar de 131,1 mil pontos nesse período, depois invertido e jamais recuperado. Prova disso é que, somente nos últimos quatro meses, a Bovespa apurou perdas de 17%, sem conseguir superar o patamar dos 104 mil pontos.
Volatilidade é reflexo – A correlação entre o agravamento dos problemas políticos e a volatilidade da bolsa é imediata, admite o analista da O2Research, para quem “estamos com um mau humor muito grande no mercado por conta das sinalizações de Brasília, dessa sensação de que Paulo Guedes não se entende com a área social do governo. Isso trouxe números muito ruins”, explica.
Tombo calibrado – Exemplo desse desajuste institucional pode tirado das manifestações do 7 de setembro, feriado da Independência, quando o presidente aproveitou a ocasião para lançar farpas verbais na direção do Supremo Tribunal Federal (STF), o que levou a um tombo de 3,78% da bolsa brasileira.
‘Puxadinho orçamentário’ – De igual forma, fatores diversos, como o ‘esfriamento’ econômico da China, a escalada inflacionária no país, sem contar escaramuças palacianas visando ‘furar’ deliberadamente o teto de gastos, tudo para garantir um ‘puxadinho’ orçamentário de R$ 50 bilhões, a fim de garantir a fidelidade eleitoral cega de 17 milhões de famílias, na linha da pobreza, mediante um ‘auxílio’ de 400.
‘Tiro no pé’ – A manobra do Executivo para se garantir em 2022, porém, está o efeito de um ‘tiro no pé’, pois sua atitude reforçou a tendência de aumento da inflação – já em dois dígitos, pelo acumulado do ano do IGP-10 – enquanto a Selic já está em 7,75% ao ano, com previsão de fechar 2021 muito próxima de 10% ao ano.
Retorno negativo – De acordo com dados da Economat, cerca de 74% dos IPOs concluídos em 2021 estão com retorno negativo no ano, com destaque para as piores performances da Westwing, Mobly e Dotz, respectivamente de 72,3%, 70,6% e 68,5% no ano.
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