Commodities
Preço do café pode chegar ao maior nível em mais de 25 anos
Problemas na produção do café devem resultar em uma safra menor e elevar os preços seu valor mais alto em 25 anos.
O café em grão já disparou mais de 110% em 2021, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Segundo a entidade, a tendência é de que o preço da segunda bebida mais consumida pelos brasileiros continue a subir em 2022, podendo alcançar seu maior nível em 25 anos.
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Os principais fatores ligados a essa alta são os danos climáticos à safra 2021-2022 e a produção reduzida em 2020-2021. O aumento da demanda durante a pandemia e os custos maiores da produção por conta do dólar também afetaram as cotações.
Esse cenário também é visto em países como Colômbia e Vietnã. Para Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic essa situação de especulação sobre os preços do café é rara.
A atual crise do produto segue a tendência de outras crises anteriores, que sempre têm em comum o fator climático. Segundo Inácio, a saca do café está custando cerca de R$ 1.200, ou US$ 213, em linha com cotações registradas em situações semelhantes.
Números da crise
O produto tem cultura bianual, o que significa que uma produção ruim em 2021 afeta a de 2022, e a recuperação só vem em 2023.
A falta de chuvas e as geadas no Brasil impactaram cerca de 589 mil toneladas de café, especialmente em São Paulo e Minas Gerais, estado que produzem cerca de 50% do grão, disse André Rolha, analista da Venice Investimentos.
“A safra passada [2019-2020] foi recorde, mas tivemos um aumento do consumo interno com a pandemia e um recorde na exportação. Ela foi em torno de 60 milhões de sacas. Essa safra foi menor, não deve passar de 47 milhões de sacas”, explicou.
Além disso o dólar alto estimula os produtores a exportarem o produto, já que a lucratividade é maior. O resultado é uma baixa oferta no mercado interno e preços mais altos.
“O dólar saltou de US$ 5,20 para US$ 5,70, e esse peso reflete na cadeia de precificação, porque insumos, defensivos e combustíveis são importados”, afirmou Rolha.
Para piorar, existem fatores externos. “Países produtores como Vietnã, Colômbia e Etiópia já declararam uma produção menor de safra. A Colômbia nem conseguiu entregar toda a quantidade prometida para exportação. Com isso, o mercado e os preços dispararam externamente e internamente”.
Sobre as perspetivas para 2022, o especialista acredita que o preço do café deve atingir sua máxima em 25 anos. “Se considerar que vimos no ano uma saca até R$ 600 o quilo, o vencimento em dezembro já está a R$ 1.300 a saca do café arábico. O preço tem espaço para subir ainda mais”, completou.
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