Ações, Units e ETF's
Aperto monetário global e ameaça de recessão pelo BC pautam Ibovespa de sexta
Alta dos juros no exterior e no Brasil, sem limite, como quer Campos Neto, afetam negócios da bolsa brasileira
Com a maior parte dos índices futuros dos EUA operando em queda, – com exceção do S&P 500, que subia 1,51% – os mercados mundiais, nessa sexta-feira (17) apresentam, majoritariamente, viés de baixa, por conta o impacto das medidas anunciadas, há dois dias, pelo Federal Reserve (Fed), que representa um tranco monetário nos negócios, pois a ‘torneira’ bilionária, que despeja US$ 120 bilhões/mês na maior economia do planeta, desde a pandemia, está prestes a secar, sem contar a previsão de que a instituição aplicará três altas nos juros estadunidenses, em 2022, a percentuais ainda ignorados.
Choque de oferta – Uma vez retirada a ‘mesada’ de Tio Sam, ‘virá à tona’, para o investidor, quais seriam os setores econômicos mais ou menos fragilizados pela crise pandêmica, a exemplo do de tecnologia, às voltas com um choque global de oferta de chips – item essencial dessa indústria – que também deve se ressentir da iminente escassez de recursos para investimentos, por conta do repique generalizado de juros pelos Bcs.
Nasdaq sofre – Evidência disso é a queda mais acentuada do Nasdaq – índice ianque que engloba as ações gigantes mundiais de tecnologia – que, na sessão de ontem (16) fechou em queda de 2,47% a 15.180,44 pontos, ontem (16), bem à frente dos demais índices (Dow Jones, -0,08%, a 35.897,64 pontos e S&P 500, -0,87%, a 4.668,67 pontos). Dos onze índices setoriais que compõem o S&P 500, apenas três ficaram no ‘vermelho’: tecnologia, consumo discricionário e serviços de comunicação, com quedas de 2,86%, 2,23% e 0,58%, respectivamente. Ainda no setor de tecnologia, recuaram as ações da Apple (- 3,93%); Microsoft (-2,91%); Facebook (-1,98%) e Google (-1,36%).
‘Efeito dominó’ – Seguindo o exemplo do Fed, o Banco Central da Inglaterra majorou sua taxa de juros, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) anunciou o início, para o primeiro trimestre de 2022 (1T22) da redução gradual dos estímulos monetários (Programa Emergencial de Compras de Ativos – PEPP), até sua finalização, em março próximo.
Japão ajusta taxa – Ao mesmo tempo, no Oriente, o Banco Central do Japão (BoJ) sinalizou a manutenção de sua taxa de depósito em –0,1%; zerado a meta de juro do JGB, antes de dez anos e informado sobre o encerramento de compras emergenciais, igualmente em março do ano que vem.
Preocupação com a ‘dosagem’ – Assim, o temor dos mercados internacionais, ante o potencial de letalidade da variante viral laboratorial, está sendo substituído pela preocupação com a ‘dosagem’ dos apertos monetários, que pode, eventualmente, comprometer a retomada econômica mundial, ante uma inflação persistente em todos os quadrantes.
Ásia cai – Na Ásia, os mercados locais encerraram a sessão em queda geral, enquanto os investidores locais ainda avaliam o impacto do aperto monetário ao redor do globo, o mesmo ocorrendo na Europa, onde o número de casos de ômicron tem crescido rapidamente, da mesma forma que a adoção de novas medidas de isolamento social (lockdowns) por alguns países do ‘velho continente’.
Petróleo recua – No campo das commodities, os preços do petróleo caem, embora com perspectiva de encerrar a semana na ‘estabilidade’, pois a commodity, embora afetada pelo maior temor ante o poder viral da variante laboratorial, acabou sendo beneficiada por um dólar fraco.
Trabalho forçado – A mais nova treta envolvendo EUA-China foi protagonizada pelo Senado ianque, ao aprovar a proibição de produtos da região chinesa de Xinjiang, suspeita de utilizar, em pleno século 21, trabalho forçado. No paralelo, o governo de Joe Biden acrescentou ’34 novos alvos chineses’ à sua lista de entidades proibidas, o que eleva, ainda mais, o grau de tensão entre as superpotências. O gigante asiático é a segunda maior economia mundial, só perdendo, até agora, para a norte-americana.
“Até a recessão” – No terreno pátrio, ainda repercute no mercado as declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, para quem, se preciso, pode levar o país à recessão, até que as taxas inflacionárias venham a ‘convergir’ com a meta da autoridade monetária.
Tratamento monolítico – O que causa estranheza é o tratamento monolítico adotado pelo comandante da moeda ao problema inflacionário, que dá a impressão de não existirem alternativas, além do reajuste óbvio dos juros, que destrói empregos, empresas e condições de sobrevivência que não contam com o conveniente ‘guarda-chuva’ financeiro de investimentos isentos de tributação no exterior.
Sem mandato – Investidor offshore, como seu chefe, Guedes, o isento – que não teria mandato para decidir, unilateralmente, se 210 milhões de pessoas devem sofrer os efeitos de uma gestão governamental cuja prioridade única e exclusiva é se perpetuar no poder.
Credibilidade de quem? – Do jeito que foi colocado por Campos Neto, vêm por aí novas (e imprevisíveis) altas de juros, “o quanto for necessário para ancorar as expectativas do mercado, de acordo com um ciclo mais contracionista”. Apesar disso, o timoneiro da autarquia não ‘espera’ um 2022 recessivo, mas evitou arriscar uma previsão para a Selic (taxa básica de juros) em março próximo. A última pérola do dirigente central seria que a recessão seria a forma encontrada para a “recuperação da credibilidade do país”, excluindo a do governo, deve ser.
Esquecimento oportuno – Igualmente habilidoso com as palavras, Guedes, o isento, criticou seus colegas de profissão. “Os economistas erram muito”, afirmou o ministro, durante apresentação, ontem (16), do balanço do Programa de Parceria de Investimento (PPI). Como o pupilo Neto, a autoridade ministerial evitou comentar o crescimento do PIB do ano que vem, perto de zero, no melhor estilo estagflação, já em vigor, que combina, perversamente, inflação elevada com estagnação econômica, esta decorrente de sucessivas altas de juros, conforme o manual neoliberal seguido à risca pela equipe econômica do mandatário de plantão.
Abaixo dos emergentes – Falando à plateia, na apresentação do PPI, o ministro preferiu ‘pular’ o que será a economia em 2022, para colocar em relevo a informação, sem identificar a fonte, de que, em 2023 (já sob novo governo), o país deve atingir uma taxa de investimento de 19,5%, que seria a mais alta desde 2013 – bem abaixo de seus pares emergentes.
Calote dos precatórios – A bravata ‘guedesiana’ pressupõe um segundo governo bolsonarista, o qual já contaria com um espaço fiscal de R$ 90 bilhões – via calote dos precatórios – para turbinar sua virtual reeleição, cada vez menos provável, segundo pesquisas de opinião recentes.
‘Queda de braço’ – No Congresso, é dia de ‘queda de braço’ entre poderes, uma vez que será votado o veto presidencial que barrou a proposta de reservar, no orçamento, R$ 5,7 bilhões, para custeio das eleições de 2022. Se quiser manter seu veto, o governo precisará ter mais votos que a oposição e partidos de centro, juntos.
Eletrobras continua na mira – Com relação à Eletrobras, o Executivo tupiniquim reiterou a previsão de privatização da estatal, até junho do ano que vem, após a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou a continuidade dos estudos para capitalização da companhia, necessários à preparação e modelagem de venda futuras. Para a secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia (MME), Marisete Pereira, o único ‘impedimento’ estaria associado à assinatura dos contratos de concessão pela Eletrobras, o que pode ocorrer após o aval do TCU, dando sequência à análise do processo.
Covid cai 30% – No diário da covid, nova queda, desta vez, de 30% na média móvel de mortes em sete dias (145), em comparação com o patamar de 14 dias antes, conforme informou o consórcio de veículos de imprensa.
Principais indicadores
Estados Unidos (futuros)
Dow Jones, +0,09%.
S&P 500, -0,06%.
Nasdaq, -0,40%.
Ásia
Nikkei (Japão), -1,79% (fechado).
Shanghai SE (China), -1,16% (fechado).
Hang Seng Index (Hong Kong), -1,20% (fechado).
Kospi (Coreia do Sul), +0,38% (fechado).
Europa
FTSE 100 (Reino Unido), +0,19%.
Dax (Alemanha), -0,45%.
CAC 40 (França), -0,38%.
FTSE MIB (Itália), -0,76%.
Commodities
Petróleo WTI, -1,23,%, a US$ 71,49 o barril.
Petróleo Brent, -1,08%, a US$ 74,21 o barril.
Minério de ferro, +1,88%, a 676,50 iuanes ou US$ 106,16 (Bolsa de Dalian – China).
Criptomoedas
Bitcoin, -3,50% a US$ 47.141,64.
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