Ações, Units e ETF's
Invasão russa sem tiros; disparada do petróleo e alta de índice de confiança pautam Ibovespa de terça
Bolsas recuam com escalada militar na Ucrânia, commodity segue em alta e indicador brasileiro melhora
Em 1938, um ano antes de eclodir a Segunda Guerra Mundial, o Ocidente foi complacente com Hitler, ao concordar com a anexação da região tcheca dos Sudetos, de maioria alemã, pelo Reich. Ignorado em suas reais pretensões expansionistas, o führer acabou tomando a Europa quase inteira (com exceção da heroica Inglaterra), em pouco mais de um ano.
Declaração unilateral – Tal cenário, quase centenário, se assemelha muito ao atual conflito na Ucrânia, em que o novo czar Vladimir Putin declarou unilateralmente a independência de duas regiões separatistas do país (Lugansk e Donestsk), agora consideradas repúblicas, o que foi seguido pelo envio de tropas ‘de paz’ do exército vermelho à região, numa clara provocação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que prometeu defender – juntamente com o presidente ianque Joe Biden – a integridade territorial ucraniana.
Retórica ocidental – Por enquanto, a retórica ocidental tem se limitado a sanções diplomáticas e econômicas, enquanto os mercados ‘derretem’ pela escalada de uma guerra que parece programada por computador pelo Kremlin há muito tempo.
‘Aula’ de invasão – O toque de mestre de Putin nesse xadrez internacional de potências fica por conta da invasão ‘sem’ invasão ou vítimas e ainda turbinar o petróleo – cuja cotação se aproxima de US$ 100 o barril – commodity da qual a Rússia é o terceiro maior produtor mundial. Parece um plano perfeito, só faltou combinar com os Aliados.
Futuros ianques caem – Refletindo a perspectiva de enfrentamento militar no Leste Europeu, os índices futuros dos EUA acusam queda generalizada (Dow Jones, -0,23%; S&P 500, -0,24%; Nasdaq, -0,63%), como reação à perda de segurança geopolítica, não na Ucrânia, mas no mundo todo. Em contrapartida, o governo dos EUA anunciou – sem fornecer detalhes – a imposição de sanções econômicas contra a Rússia pelo reconhecimento de independência das regiões separatistas, tendo sido acompanhado pelos países europeus.
Quem acredita? – A preocupação predominante, no momento, diz respeito à segurança energética do velho continente, inteiramente dependente do gás e petróleo russos, a despeito da declaração de Putin de que tal fornecimento não será interrompido. Quem acredita?
Demanda por treasuries – Com a aversão ao risco em alta, também é aquecida a demanda por títulos do tesouro ianque (treasuries), em especial, aqueles de dez anos. Ante esse quadro, o economista da Golden Investimentos, João Cruz, prevê “a diminuição dos juros dos títulos por conta da alta demanda por esses papéis e elevação do dólar contra moedas emergentes”.
DIs brazucas sobem – Já por aqui, a taxa de contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subia de 12,38% para 12,355%, enquanto a taxa do DI janeiro de 2024 caía de 11,94% para 11,925%; a do DI janeiro de 2025 recuava de 11,34% a 11,32%; e a do DI janeiro de 2027 descia de 11,21% para 11,18%.
Ásia no vermelho – Queda pronta e generalizada nas bolsas asiáticas, a exemplo do chinês Shanghai SE (-0,96%); nipônico Nikkei (-1,71%); o sul-coreano Kospi (-1,35%) e o Hang Seng Index de Hong Kong (-2,69%), que foi afetado pela baixa de 3,59% das ações do HSBC, depois que a instituição fez uma provisão adicional de US$ 450 milhões, tendo em vista ‘prováveis perdas’ no setor imobiliário da China.
Europa ‘sacudida’ – Sacudida por uma invasão russa sem tiros e pela ameaça de ‘parar’, por falta do gás natural russo, a Europa se ressente do agravamento do conflito militar na região leste ucraniana, em que os índices locais não apresentaram direção, a exemplo do avanço do britânico FTSE 100 (+0,37%) e do francês CAC 40 (+0,36%), em contraponto aos recuos do alemão DAX e do italiano FTSE MIB, de -0,02% e -0,05%, respectivamente. Ante a esse desempenho, o índice Stoxx 600 apurava queda de 0,044% na sessão de hoje (22).
Petróleo a US$ 110 o barril – Assunto do momento, a escalada dos preços do petróleo está longe de terminar. De acordo com o presidente da Lipow Oil Associates, Andy Lipow, a cotação da commodity pode subir rapidamente para US$ 110 por barril, caso a crise se agrave. “Se realmente cortarmos o fornecimento de petróleo russo à Europa, hoje de 3 milhões de barris por dia, poderíamos observar os preços do petróleo subirem outros US$ 10 a US$ 15 por barril, colocando o Brent em cerca de US$ 110 por barril”, afirmou Lipow à rede de tevê CNBC. No momento, o produto apresenta viés de alta (WTI, +4,07%, a US$ 94,78 o barril; Brent, +2,70%, a US$ 97,97 o barril), tendo acumulado valorização de 20%, desde o início do ano.
Gás sobe 10% – Ao mesmo tempo, o gás natural TTF, negociado na Holanda e referência europeia, já teria subido 10% a € 79,80 (euros) por megawatt-hora, com vencimento em março próximo, ao passo que o vencimento para abril subiu para 10,52% a € 79,53 (euros).
Minério recua 0,1% – O minério de ferro, por sua vez, em ritmo de alta, acabou recuando, por conta da decisão de Pequim de centralizar as negociações em apenas uma plataforma, com vistas a reduzir as cotações futuras da commodity. Em consequência, os contratos mais negociados (para maio próximo) na bolsa chinesa de Dalian, registravam baixa de 0,1%, para 685 yuan por tonelada, após experimentarem alta de quase 5%, nos movimentos iniciais.
Assembleia Eletrobras – Na agenda tupiniquim, destaque para a assembleia geral extraordinária da Eletrobras, no início da tarde dessa terça (22), que vai discutir a proposta de privatização da holding, enquanto também serão divulgados os resultados de companhias nacionais, como BRF, Localiza, Vivo e Raia Drogasil. Já o Nubank faz o mesmo, mas somente após o fechamento do mercado estadunidense.
Confiança aumenta – No que toca ao Índice de Confiança do Consumidor (ICC), este apresentou avanço de 2,9 pontos de janeiro para fevereiro corrente, atingindo 77 pontos (numa escala de zero a 200 pontos), maior patamar desde agosto de 2021, segundo informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV), ao atribuir o resultado, sobretudo, à subida de 3,8 pontos do Índice de Expectativas, agora alçado aos 84,5 pontos – que reflete, ainda, o bom desempenho do item “intenção de compras de bens duráveis nos próximos meses”. Outro ponto positivo seria a alta de 1,5 ponto percentual do Índice da Situação Atual, que passou para 67,6 pontos.
Perspectivas favoráveis – Entre os fatores que influenciara no resultado, a pesquisadora da FGV, Viviane Seda Bittencourt explicou que ele “pode ter sido influenciado pelo (pagamento do benefício) Auxílio Brasil nas faixas de renda mais baixas, além de perspectivas mais favoráveis sobre o mercado de trabalho e situação econômica que voltaram a ficar mais otimistas, com indicadores superando o nível neutro de 100 pontos”.
Canja de galinha – Viviane, porém, adverte que “é preciso ter cautela, pois o nível ainda é muito baixo em termos históricos e o comportamento volátil dos consumidores nos últimos meses mostram que a incerteza elevada tem afetado bastante a manutenção de uma tendência mais clara da confiança no curto prazo”.
Superpacotão após ‘Carná’ – Na pauta fiscal-eleitoreira, além da desoneração dos combustíveis – no caso do gás e diesel custaria à União uma arrecadação de R$ 19,5 bilhões – o Executivo prepara o anúncio de um superpacote econômico para depois do Carnaval, que inclui um aporte de crédito de R$ 100 bilhões, que incluiria a recriação de linhas de crédito, existentes antes do ciclo pandêmico, como às do Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Pronampe) e do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (Peac).
Covid estática – No diário da covid, o vírus chinês matou 826 brasileiros, sem variação para a média móvel de mortes em sete dias, ante patamar anterior, de 14 dias, informou o consórcio de veículos de imprensa.
Principais indicadores
Estados Unidos (futuros)
Dow Jones, -0,23%.
S&P 500, -0,24%.
Nasdaq, -0,63%.
Ásia
Shanghai SE (China), -0,96%.
Nikkei (Japão), -1,71%.
Hang Seng Index (Hong Kong), -2,69%.
Kospi (Coreia do Sul), -1,35%.
Europa
FTSE 100 (Reino Unido), +0,37%.
DAX (Alemanha), -0,02%.
CAC 40 (França), +0,36%.
FTSE MIB (Itália), -0,05%.
Commodities
Petróleo WTI, +4,07%, a US$ 94,78 o barril.
Petróleo Brent, +2,70%, a US$ 97,97 o barril.
Minério de ferro, -0,07%, a 684,50 iuanes ou US$ 108,06 (bolsa de Dalian, China).
Bitcoin, -4,93% a US$ 37.068,97 (cotação de um dia).
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