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Economia

Alta de preços do transporte de cargas pressiona inflação, diz economista

Um dos motivos seria a redução da competição no setor

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A alta do dólar não é o único fator que pressiona a inflação. Os preços do transporte de cargas vêm passando por diversas alterações desde o início da pandemia do novo coronavírus, provocando um efeito cascata. Um dos motivos seria a redução da competição no setor.

Um levantamento sobre transporte de carga marítima feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o número de transportadoras que operam para empresas no Brasil caiu de 23 para 14, de 2015 para 2019. “Com um número menor de empresas que transportam contêineres por via marítima, os preços tendem a subir”, diz o economista da ESPM, Leonardo Trevisan.

Alta de preços do transporte de cargas pressiona inflação, diz economista da ESPM

Caminhões transitam por rodovia em Mato Grosso

Inflação: Abinee

Segundo dado da Associação Brasileira da Indústria de Eletroeletrônicos (ABINEE), o preço do transporte unitário de contêineres triplicou, passando de 3 000 dólares, em 2019, para 9 000 dólares em 2020.

Pelo ar o transporte de carga também encareceu, passando de 6 dólares o quilo de carga transportada, em 2019, para 12 dólares o quilo, em 2020. “A somatória dessas variantes logísticas afeta direta ou indiretamente os preços de produtos que são vendidos para a indústria ou direto ao consumidor, o que pressiona os preços e aumenta a taxa de inflação”, diz Trevisan.

Dólar

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ontem que parte da depreciação recente do real não é justificada pelos fundamentos econômicos e ressaltou que o país tem um volume grande de reservas internacionais que permite ao BC seguir atuando no câmbio sempre que achar necessário.

“O que vimos recentemente, inclusive, que nossa moeda voltou a sofrer mais que os pares, em um momento que nós entendemos que tem uma fragilidade externa que propicia esses movimentos de ataque. Nós entendemos que parte do movimento não era justificada pelos fundamentos”, declarou.

“O Brasil tem um volume de reservas bastante grande. Podemos continuar atuando na forma como entendemos que é o mais razoável sempre para preservar o que entendemos que são condições de liquidez, sempre comparando, também, com o que entendemos que são os fundamentos do Brasil.”

O dólar fechou em alta de mais de 1% nesta terça-feira, mas encerrou a sessão abaixo de 5,70 reais, patamar superado ao longo do dia em meio a uma forte pressão de compra que levou o Banco Central a vender mais de 2 bilhões de dólares à vista no mercado.

Essas vendas serão liquidadas em 4 de março, num total de 2,095 bilhões de dólares. É o maior valor para um só dia desde a venda de 2,175 bilhões de dólares liquidada em 28 de abril do ano passado.

Num período de quatro pregões, o BC vai liquidar a colocação de 5,175 bilhões de dólares no mercado à vista, volume não visto em cerca de um ano.

Inflação doméstica

Campos Neto afirmou ainda que, quando comparada a inflação do Brasil com a de outros mercados emergentes, o país destaca-se na de alimentos, com alta bastante acentuada, explicada em parte pela depreciação cambial, alta de commodities e recuperação da demanda doméstica, que foi impulsionada pelos programas governamentais.

“Para garantir que esse choque seja temporário, precisamos manter a credibilidade das políticas fiscais, monetária. Isso é muito importante. Com a piora da pandemia, a incerteza fiscal passou a preocupar ainda mais”, disse.

De acordo com ele, “é necessário e urgente uma resposta institucional”. “Entendemos que essa é uma parte central e que o desafio fiscal é muito grande. Nós precisamos de uma resposta à altura”, disse, complementando que, sob a ótica da política monetária, o BC trabalhará para entregar as metas de inflação no horizonte relevante.

Em 12 meses até janeiro, a inflação ao consumidor acelerou para 4,56%, ante 4,52% em dezembro, segundo o IBGE.

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