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Alta de preços dos serviços impede queda mais rápida da inflação
É o que apontou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que prevê uma redução inflacionária mais ‘lenta’
“Como os núcleos de inflação (*) permanecem resilientes (persistência de alta de certos preços básicos da economia), devido à difusão da inflação entre setores e pressões subjacentes, ainda fortes, em componentes mais rígidos, como serviços. Assim, a velocidade da desinflação (queda dos índices inflacionários) tende a ser mais lenta nessa segunda etapa, tanto no Brasil como nos demais países”.
A explicação (na linguagem do chamado economês) do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto – dada durante sua participação, nesta quarta-feira (17) na Conferência Anual do BC – é mais uma justificativa (dada ao mercado e à sociedade) para a necessidade de a autoridade monetária manter ‘imexível’ a taxa básica de juros (Selic), no patamar elevado de 13,75% ao ano, cujo corte agora parece mais indefinido do que há algumas semanas.
Ao ressaltar que, “embora tenhamos progredido”, o combate à carestia ainda enfrenta “muitos desafios” para que se consolide o “processo de desinflação no país”, o xerife do real destacou que “as expectativas [de inflação] para este ano têm aumentado, enquanto que, para 2024 e 2025, prevalecem sinais de ‘desancoragem” – termo que remete à persistência de expectativa de inflação crescente.
Ainda com relação ao ‘dilema’ da desancoragem, Campos Neto assinalou que ela tem sido alvo de “discussões sobre metas de inflação e política fiscal”, acrescentando que a proposta do novo arcabouço fiscal “poderá ajudar na missão de ancorar as expectativas”, uma vez que essa “nova regra evita cenários mais extremos na dívida (pública)”, embora ressalve que “não há relação mecânica” [do arcabouço] com a política monetária”.
Em sua participação na Conferência do BC, o dirigente da autarquia também ressaltou a importância da estabilidade [de regras] para que o sistema [de metas de inflação] continue sendo bem-sucedido e mantenha sua “credibilidade”, que não se altera em função da “conjuntura”.
Com referência à potencialização de resgates bancários, em razão das facilidades oferecidas pela tecnologia, o dirigente do BC entende ser “fundamental que a regulação [bancária] leve em conta novos riscos”.
(*) Núcleo de inflação, também denominado inflação subjacente, pode ser definido como medida que visa identificar tendências de inflação, desconsiderando fatores temporários, circunstanciais, localizados sobre o índice agregado. Nesse cálculo, em geral, são excluídos preços voláteis, como os de alimentos e combustíveis. Explicando de outra forma, tal núcleo consiste na parte persistente do processo inflacionário, seu componente de longo prazo.
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